Porque é tão importante ter atenção aos mergulhos?
Os acidentes provocados por mergulho de cabeça são uma das principais causas de lesão medular, sobretudo em lugares com uma profundidade inferior a 150 centímetros.
Estes acidentes podem resultar em traumatismo craniano e lesões vertebro-medulares, designadamente, situações de perda de controle e sensibilidade das pernas (paraplegia) e de perda dos movimentos do tronco, pernas e braços (tetraplegia). Em casos mais graves, a vítima pode mesmo morrer.
Existe alguma época do ano com maior taxa de acidentes?
Sim. Os acidentes por mergulho apresentam alguma sazonalidade e acontecem, na sua maioria, entre maio e setembro (85%).
Devem evitar-se os mergulhos?
Não. Não é necessário proibir em absoluto os mergulhos. No caso de querer mergulhar deve confirmar se as condições de segurança estão reunidas e ter alguns cuidados essenciais.
Por exemplo:
- não mergulhe em águas:
- desconhecidas
- profundidade baixa (menos do dobro sua altura)
- turvas ou com rochas
- em zonas não iluminadas (à noite)
- mergulhe sempre com os braços à frente, em extensão, para proteger a cabeça e pescoço
Em locais desconhecidos mergulhe de “pés” (entre na água com os pés primeiro e não com a cabeça) e não consuma álcool ou drogas antes de ir mergulhar.
Como ocorrem as lesões?
A maior parte dos acidentes acontece por não ter sido calculada a profundidade da água nos locais de mergulho. As lesões em mergulho ocorrem, geralmente, quando a cabeça bate no solo, já que após o impacto o pescoço recebe o peso do corpo e produz uma flexão ou extensão, que pode originar uma fratura ou um deslocamento de uma vértebra cervical (geralmente, a C5 ou a C6), e resultar num trauma da medula espinal.
O tipo de dano causado varia de acordo com o peso, a velocidade e, principalmente, a posição da cabeça e da coluna vertebral, durante o impacto.
A pior consequência é a paralisação e a impossibilidade de mexer os membros. Ou seja, o grau da lesão da medula, pode acabar numa condição de tetraplegia, em que há uma paralisação dos braços e das pernas, ou paraplegia, em que a paralisação é só das pernas.
Quais os locais onde ocorrem estes acidentes?
Os acidentes por mergulho podem acontecer em praias, piscinas ou outras zonas balneares, costeiras ou fluviais, mas são mais frequentes em piscinas do que no mar, sendo que a maioria dos acidentes ocorre durante atividades de lazer e não durante práticas desportivas.
Qual é o principal grupo de risco?
Os homens são as principais vítimas destes acidentes, sobretudo entre os jovens com menos de 35 anos que, normalmente, adotam comportamentos de risco.
Quais são as recomendações para um mergulho seguro?
Um mergulho mal calculado pode ter consequências para toda a vida, por isso deve ter em atenção:
- existência de obstáculos à sua volta com que possa colidir, nomeadamente, rochas, pranchas, pessoas, etc.
- esteja atento às placas de sinalização existentes, mantenha-se sempre em zona supervisionada
- pondere a profundidade, não mergulhe em águas rasas (com menos do dobro da sua altura)
- não mergulhe em águas que não conhece ou de fraca visibilidade
- não mergulhe de locais muito altos
- não mergulhe após consumo de álcool ou outra qualquer substância que altere a função cognitiva ou motora
- deve mergulhar com as mãos à frente, para que a cabeça esteja protegida durante o mergulho
- evite mergulhar de costas ou em corrida – quanto mais impulso der, mais fundo será o mergulho
Em caso de acidente, o que deve ser feito?
No caso de presenciar um acidente, existem alguns procedimentos que podem minimizar as consequências do acidente:
- chame imediatamente o nadador-salvador e ligue para a linha 112 do INEM
- não deve mover a pessoa, uma vez que qualquer movimento numa coluna já danificada pode causar danos permanentes
- aguarde por ajuda especializada
Fonte: Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)