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Serviço Nacional de Saúde 24
SNS 24
( Atualizado a 10/05/2023 )
13 minutos de leitura

Todas as pessoas podem dar sangue?

Todas as pessoas que cumpram os requisitos de elegibilidade básicos para a dádiva de sangue podem candidatar-se a realizar uma doação: mais de 18 anos de idade, de 50Kg de peso e com estilos e hábitos de vida saudáveis.

Antes da dádiva de sangue é realizada uma avaliação clínica (triagem clínica) por um profissional de saúde qualificado para avaliação individual do risco das circunstâncias clínicas identificadas. Se não forem identificadas situações que possam pôr em causa a sua segurança, enquanto dador, e a segurança do recetor, enquanto doente, poderá dar sangue.

Já dei sangue este ano. Posso repetir a dádiva?

É aceitável um intervalo mínimo de 2 meses entre dádivas desde que não se ultrapasse as 3/4 colheitas de sangue no período de 12 meses, para mulher e homem, respetivamente.

Não sei o meu grupo sanguíneo. É grave?

Não saber o grupo sanguíneo não é impedimento para se candidatar à dádiva de sangue. Após a primeira dádiva efetiva é determinado o seu grupo sanguíneo.

São realizadas as seguintes análises às unidades de sangue total e aférese (colher seletivamente uma pequena percentagem de um componente sanguíneo): grupo sanguíneo AB0 e Rh D e deteção das seguintes infeções:

Podem, no entanto, ser necessárias análises adicionais face a situações epidemiológicas específicas.

O meu tipo de sangue é necessário?

Sim. Todos os grupos de sangue são necessários, mesmo aqueles que são mais comuns. A raridade/necessidade depende da proporção de pessoas que doa e recebem o mesmo tipo de sangue (se pensar que o grupo mais comum é o A+, também é este grupo o mais necessário).

Basta que se lembre que você mesmo poderá precisar de sangue!

Quais são os meus deveres enquanto Pessoa Dadora de sangue?

A Pessoa Candidata à dádiva de sangue deve formalizar o seu consentimento para a dádiva por escrito (preenchimento do consentimento informado) e deve responder com verdade, consciência e responsabilidade às questões que lhe são colocadas tendo em vista a proteção da sua saúde (enquanto Pessoa Dadora) e da saúde da pessoa recetora/doente, preservando também a qualidade e segurança do componente doado.

Fui vacinado contra a COVID-19 posso dar sangue?

Pelo princípio da precaução as pessoas vacinadas com as vacinas COVID-19 Vaccine AstraZeneca VAXZEVRIA e COVID-19 Vaccine Janssen são suspensas por um período de 7 dias após vacinação se assintomáticas e por um período de 7 dias após a resolução da sintomatologia caso tenha sintomas.

Posso apanhar COVID-19 por ir dar sangue?

Os serviços de sangue e os seus profissionais cumprem os requisitos de segurança definidos pela autoridade competente. Os profissionais estão vacinados e usam equipamento adequado, são cumpridas escrupulosamente todas as medidas de higiene e distanciamento social.

Posso transmitir COVID-19 ao dar sangue?

Não há evidência científica de que a doença COVID-19 seja transmitida pela transfusão, podendo, contudo, haver um risco teórico de transmissibilidade. Os serviços de sangue têm implementados critérios de elegibilidade para os dadores de sangue face a contactos de risco ou de doença COVID-19.

Está também implementado um procedimento de vigilância, a informação pós dádiva, através do qual os dadores são informados de que devem contactar o serviço de sangue após a dádiva em caso de doença nos 7 dias seguintes à dadiva.

Fiz um exame endoscópico (endoscopia, colonoscopia). Posso dar sangue?

Poderá candidatar-se à dádiva de sangue 4 meses depois da realização do exame.

Fiz exames solicitados pelo médico de família. Posso dar sangue?

Se a pessoa aguarda resultados de exames complementares de diagnóstico solicitados por rotina e sem sintomas associados, poderá candidatar-se à dádiva de sangue.

A realização de exames e/ou análises com a finalidade diagnóstica e para orientação terapêutica, implicam a suspensão da pessoa candidata à dádiva até ao conhecimento dos resultados e completo esclarecimento clínico.

Fui operado. Posso dar sangue?

O período de suspensão depende do tipo de cirurgia, grau de complexidade e eventuais efeitos secundários bem como de potencial transfusão de sangue e da evolução clínica.

Poderá candidatar-se à dádiva de sangue 4 meses após a cirurgia, caso não tenha tido complicações e não tenha recebido uma transfusão de sangue. Em caso de complicações (reinternamento, ou outra) deve contactar o profissional de saúde qualificado do serviço de sangue.

Fiz uma pequena cirurgia (exérese de sinais, laser, pequena cirurgia oftalmológica). Poderei dar sangue?

Pode candidatar-se a dar sangue 1 semana depois, desde que não tenha sintomas (assintomático).

Fumo, de vez em quando “um charro”, posso dar sangue?

O consumo de droga requer uma avaliação clínica pelo profissional de saúde qualificado sobre a frequência do consumo e a forma de administração, pelo que deverá sempre referir esta situação no âmbito da triagem cínica, ao profissional de saúde qualificado.

Tive um cancro há mais de 5 anos e fui dado como curado. Posso dar sangue?

Deverá consultar o profissional de saúde qualificado, uma vez que se trata de um critério para avaliação clínica.

A obesidade é impeditiva para a dádiva de sangue?

A obesidade por si só não contraindica a dádiva de sangue podendo estar associada a determinadas doenças crónicas como a diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, entre outras.

O tratamento cirúrgico da obesidade também obriga a uma suspensão por 6 meses?

Deverá consultar o profissional de saúde qualificado, uma vez que se trata de um critério para avaliação clínica.

Tive uma anemia, estive a fazer tratamento com ferro e já me sinto bem. Posso dar sangue?

Deve consultar o profissional de saúde qualificado, uma vez que se trata de um critério para avaliação clínica. A causa da anemia deve ser avaliada e deve ser confirmada a normalização do valor da hemoglobina. É aconselhável a avaliação das reservas de ferro após a terapêutica marcial.

Estou com gripe. Posso dar sangue?

Caso apresente síndrome gripal (febre, tosse e dor muscular (mialgias)) não se pode candidatar à dádiva de sangue. Pode candidatar-se 15 dias após a resolução clínica, se não apresentar sintomas (assintomático) e sem medicação.

Se tiver síndrome gripal (febre, tosse e dor muscular (mialgias)) ou sintomas semelhantes com febre indeterminada no período temporal compreendido entre 1 de maio e 31 de outubro de cada ano, é suspenso para a dádiva de sangue por um período de 28 dias

Mudei de parceiro/a sexual. Posso dar sangue?

Há comportamentos com risco acrescido para as infeções transmissíveis pelo sangue são:

  • consumo de drogas injetáveis e inaláveis
  • contacto sexual:
    • em contexto de transação comercial
    • com múltiplas pessoas
    • com pessoa de risco
    • com nova pessoa há menos de 3 meses
    • com pessoa com infeção bacteriana sexualmente transmissível:
  • prática sexual sob o efeito de álcool e drogas, exceto medicamentos para a disfunção eréctil

O contacto sexual com uma nova pessoa implica um período de suspensão de 3 meses.

Recebi uma transfusão. Posso dar sangue?

Se recebeu uma transfusão de sangue após 1980 não se pode candidatar à dádiva de sangue. A implementação deste critério de suspensão da dádiva de sangue surge na sequência do risco de transmissão secundária de uma variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), também designada por doença das vacas loucas, por transfusão.

Se recebeu uma transfusão antes de 1980 poderá candidatar-se à dádiva de sangue e será efetuada uma avaliação individual do risco, de acordo com o país aonde foi realizada.

Será a minha profissão de risco? Posso dar sangue?

A exposição a eventos ou situações que aumentem o risco de aquisição de doença infeciosa pode ocorrer em qualquer altura da vida. A procura de informação pelo profissional de saúde qualificado sobre passatempos, profissão, atividades de jardinagem, contatos próximos com animais domésticos e selvagens são fundamentais na avaliação individual da exposição ao risco.

Há profissões (profissionais de saúde, bombeiros, militares, funcionários de matadouro) em que há um grau variável de exposição ao risco infecioso.

De acordo com a avaliação individual do risco poderá haver contraindicação para a dádiva de sangue.

Fiz um tratamento dentário. Posso dar sangue?

No caso de:

  • extração dentária, implante, restauro com necessidade de perfuração e tratamento de canal poderá candidatar-se à dádiva de sangue 7 dias após finalizar o tratamento / terapêutica e se assintomático
  • destartarização, ajuste de aparelho ortodôntico, branqueamento e polimento dentários poderá candidatar-se à dádiva de sangue 24 horas após tratamento e se assintomático
  • sutura na cavidade oral poderá candidatar-se à dádiva de sangue 7 dias após remoção dos pontos e se assintomático

Tenho fibromialgia. Posso dar sangue?

A fibromialgia é uma síndroma dolorosa não inflamatória caracterizada por dores musculares difusas, fadiga, parestesias e distúrbios do sono.

Se a medicação não contraindicar a dádiva de sangue, e se a pessoa se sentir bem, poderá candidatar-se à dádiva de sangue.

Sou diabético. Posso dar sangue?

As pessoas com diabetes tipo 1 não podem dar sangue – diabetes tipo 1: alteração do metabolismo glicídico caraterizado pela presença de hiperglicemia, resultante da destruição das células β pancreáticas, mediada por mecanismos autoimunes e com necessidade de terapêutica com insulina.

As pessoas com diabetes tipo 2 poderão candidatar-se à dádiva de sangue, se apresentarem:

  • controlo glicémico adequado com dieta
  • medicação oral ou medicação injetável, que não a insulina
  • sem alteração do tipo e da dosagem dos antidiabéticos (orais e injetáveis que não a insulina) nas últimas 4 semanas
  • sem antecedentes recentes de hipotensão postural ou tonturas

Diabetes tipo 2: alteração do metabolismo glicídico caraterizado pela presença de hiperglicemia e um estado de deficiência relativa de insulina, resultante nomeadamente da resistência à sua ação. Habitualmente apenas necessária terapêutica oral, mas em alguns casos com necessidade de terapêutica com insulina.

Sou hipertenso/a. Não me deixam dar sangue se tiver a tensão elevada?

A tensão arterial elevada é um fator de risco para a doença cardiovascular e a existência de doença pode condicionar a resposta do coração à dádiva de sangue. As pessoas hipertensas podem ser admitidas desde que não estejam em estudo e apresentem uma hipertensão controlada (sem compromisso cardíaco, renal e patologia arterial periférica).

A medicação com anti hipertensores não é impeditiva, desde que a pessoa candidata à dádiva cumpra os requisitos recomendados.

É recomendável que no momento da dádiva os valores de tensão arterial sejam:

  • Sistólica: ≥ 100 mmHg e ≤ 180 mmHg
  • Diastólica: ≥ 60 mmHg e ≤ 100 mmHg

Pessoas com valores de tensão arterial:

  • Sistólica: < 100 mmHg e
  • Diastólica < 60 mmHg

podem ser aceites para a dádiva após avaliação individual do risco, ou seja, desde que não apresentem episódios de desmaio ou tonturas, uma vez não haver uma maior incidência de reações adversas nestes casos.

Estou com o período menstrual (menstruação). Posso dar sangue?

O período menstrual não contraindica a dádiva de sangue. Em algumas circunstâncias clínicas (ausência de período, se está em estudo por períodos abundantes e prolongados; se tem dores menstruais intensas e não controladas (dismenorreia) é contraindicada a dádiva de sangue, até ao completo esclarecimento da causa pelo seu médico assistente.

Se a dor for controlada pela medicação poderá candidatar-se à dádiva de sangue.

Estou a tentar engravidar. Posso dar sangue?

Pode candidatar-se à dádiva de sangue desde que não tenha atraso menstrual e não esteja em estudo ou sob tratamento de infertilidade. Se em estudo de infertilidade a dádiva esta contraindicada por um período 180 dias. Se recebeu esperma de dador a dádiva esta contraindicada por um período de 180 dias.

Se foi efetuado tratamento para a infertilidade a dádiva está contraindicada por um período de 90 dias.

Em caso de dúvida deve contactar o serviço de sangue.

Estou grávida. Posso dar sangue?

Enquanto estiver grávida não poderá dar sangue. Poderá candidatar-se à dádiva de sangue 6 meses após o parto.

Estou a amamentar. Posso dar sangue?

A dádiva de sangue durante a amamentação pode reduzir as reservas de ferro e afetar a quantidade de ferro no leite materno.

A amamentação contraindica a dádiva de sangue.

Pode candidatar-se à dádiva de sangue 90 dias após a amamentação. Se a amamentação for superior a 12 meses poderá candidatar-se à dádiva de sangue.

Tive um aborto/ interrupção da gravidez. Posso dar sangue?

Uma interrupção de gravidez tem associado um período de suspensão de 6 meses. Contudo, dadas as múltiplas circunstâncias de apresentação clínica, em caso de dúvida, poderá consultar o profissional de saúde qualificado do serviço de sangue.

Tenho mais de 65 anos de idade. Posso dar sangue?

As pessoas com mais de 65 anos poderão candidatar-se à dádiva de sangue sendo a sua elegibilidade para a dádiva um critério do médico do serviço de sangue.

Tenho um piercing. Posso dar sangue?

Poderá candidatar-se à dádiva de sangue 4 meses depois da colocação do piercing.

Tenho uma tatuagem. Posso dar sangue?

Poderá candidatar-se à dádiva de sangue 4 meses depois da realização da tatuagem. As pinturas, stencilling e uso de transfers não contraindicam a dádiva de sangue.

Tive epilepsia. Posso dar sangue?

A epilepsia contraindica a dádiva de sangue.

Se tem antecedentes de convulsões poderá candidatar se à dádiva de sangue disponibilizando ao profissional de saúde qualificado um relatório médico, para que possa ser esclarecida a causa e se possa efetuar uma avaliação individual do risco.

Se teve convulsão durante a infância, ou decorridos pelo menos três anos desde a última data em que a pessoa candidata à dádiva tomou medicação anticonvulsiva e sem recidiva de convulsões poderá candidatar-se à dádiva de sangue.

Estou a fazer medicação para o colesterol. Posso dar sangue?

A pessoa pode candidatar-se à dádiva de sangue. A hipercolesterolemia ocorre quando o nível de colesterol no sangue está fora dos valores normais de referência, tendo em linha de conta o sexo e a idade. Esta situação pode ser reversível pela modificação da dieta e uso de terapêutica oral.

Estou a tomar antibiótico. Posso dar sangue?

A medicação com antibióticos contraindica a dádiva de sangue. Poderá candidatar-se à dadiva de sangue 14 dias após a última toma, e desde que assintomático.

Contudo, de acordo com a avaliação individual da causa da toma e do antibiótico prescrito poderá ser aplicado um período de suspensão mais alargado.

Estou a tomar antidepressivos. Posso dar sangue?

A medicação antidepressiva não contraindica a dádiva de sangue, desde que a pessoa se sinta bem e emocionalmente estável (sem tristeza profunda, indiferença, baixa autoestima, choro fácil).

Em caso de polimedicação deve consultar o serviço de sangue. O número mínimo de medicamentos necessários para definir a polimedicação é variável, geralmente entre 5 e 10 medicamentos.

Viajei recentemente. Posso dar sangue?

A história de viagens deve ser avaliada pois pode constituir um risco acrescido de exposição, temporária ou definitiva, a doenças infeciosas transmissíveis pela transfusão. As viagens recentes ou história de viagens devem ser identificadas pela pessoa candidata à dádiva de sangue por forma a excluir a exposição a infeções endémicas e prevalentes ou tropicais. As doenças infeciosas emergentes e reemergentes colocam grandes desafios no âmbito da elegibilidade da pessoa candidata à dádiva de sangue.

O risco regional num país afetado por uma situação infeciosa, por exemplo epidémica ou pandémica, pode variar, e condicionar confinamentos populacionais. Daqui resulta a necessidade de questionar sobre viagens e exposição de risco a contatos suspeitos ou confirmados para doença infeciosa.

Para uma avaliação individual do risco é importante identificar para onde viajou e se residiu temporariamente num país, durante quanto tempo, bem como se ficou doente (ocorrência de sintomas) durante ou após regresso.

Em caso de dúvida, deve contactar o profissional de saúde qualificado do serviço de sangue.

São necessários cuidados especiais após a dádiva?

Na dádiva são colhidos aproximadamente 450 ml de sangue (+/- 10%). A reposição das proteínas e células sanguíneas é efetuada pelo organismo. O reforço de ingestão de líquidos (água) antes e depois da dádiva é muito importante para que a reposição do volume, após a dádiva, esteja facilitada.

Poderá voltar à sua ocupação normal. Contudo, estão identificadas algumas atividades profissionais que requerem uma atenção particular:

  • paraquedistas, condutores de transportes públicos e veículos pesados, mergulhadores, escaladores, trabalhadores em andaimes e instalações elétricas, mineiros, devem aguardar um período mínimo de 12 horas para reiniciar a atividade
  • passatempos e desportos perigosos não devem ser realizados no dia da dádiva
  • pilotos de aviação devem aguardar 24 a 72 horas para reiniciar a atividade
  • viagens: repouso de 6 horas após a dádiva, antes de uma viagem superior a 100Km a conduzir
  • controladores de tráfego aéreo devem aguardar pelo menos 12 horas até retomarem a sua atividade profissional (The Civil Aviation Authority guidelines (AIC 97/2004))

Todas as recomendações ser-lhe-ão dadas pelo profissional de saúde qualificado que o acompanha durante a colheita de sangue.

Poderei realizar todas as atividades após a dádiva de sangue?

Há certas profissões e hobbies que integram as atividades perigosas podendo ser necessário aguardar um período mínimo de 12 horas para reiniciar a atividade. Ver questão “São necessários cuidados especiais após a dádiva?”.

Fonte: Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST)

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