O que é o tabagismo?
O tabagismo pode ser definido como a dependência do consumo de produtos de tabaco, causada pela presença de nicotina, uma substância psicoativa (alcaloide) existente nas folhas da planta de tabaco.
O tabagismo é o maior risco evitável para a saúde e a principal causa de morte prematura na UE, sendo responsável por quase 700 mil mortes por ano.
O que são produtos de tabaco?
Os produtos de tabaco são produzidos a partir das folhas da planta de tabaco. Contêm nicotina e outros alcaloides nicotínicos causadores de dependência, bem como diversas substâncias nocivas à saúde, algumas das quais cancerígenas, em particular as designadas nitrosaminas específicas da folha do tabaco.
Podem ser fumados, chupados, mascados ou inalados. São exemplos destes produtos:
- cigarros (produto mais consumido globalmente)
- tabaco:
- para cigarros de enrolar
- aquecido
- para cachimbo
- para cachimbo de água (shisha)
- cigarrilhas
- charutos
- rapé
Todos os produtos de tabaco são nocivos à saúde e provocam dependência.
Quais os sinais que o consumo do tabaco provoca?
O consumo do tabaco provoca efeitos psicoativos, ou seja, as substâncias que compõem o tabaco atuam no cérebro, alterando as sensações e o estado emocional, com efeitos estimulantes ou depressores.
Os principais sinais e sintomas de um consumidor de tabaco são:
- inicialmente, tosse e dificuldade respiratória
- irritação dos olhos e da garganta
- aumento do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e da tensão arterial
- sensação de satisfação e prazer
- diminuição da ansiedade e relaxamento
Com a continuação do consumo e a instalação da dependência surgem outros sinais e sintomas:
- tosse e dificuldade respiratória
- diminuição do paladar e do olfato
- diminuição da função pulmonar
- desejo de consumir tabaco ou produtos com nicotina e a sensação de que se precisa de nicotina para viver
- sentimentos de tristeza, ansiedade ou irritação
- sintomas de abstinência como inquietação e dificuldade para dormir
- necessidade de maiores quantidades de nicotina para obter a mesma satisfação
- continuar a fumar ou usar produtos com nicotina apesar de se conhecerem os riscos para a saúde
- querer parar de fumar ou usar produtos com nicotina, mas não conseguir
Como consigo identificar que estou dependente do tabaco?
A nicotina existente no tabaco é a principal substância responsável pela dependência tabágica. Ela atinge o cérebro em poucos segundos e causa alterações na função cerebral provocando dependência.
A dependência exprime-se, inicialmente, na fase de experimentação, pelo desejo de consumir. Após as primeiras experiências de consumo, o desejo de fumar pode transformar-se numa necessidade compulsiva de consumir, mesmo quando a pessoa sabe que o tabaco é prejudicial, ou até quando já existem problemas de saúde que se agravam com o consumo.
Esta necessidade imperiosa de consumir (craving) e o aparecimento de sintomas desagradáveis de privação do tabaco (síndrome de abstinência) sempre que não se pode fumar caracterizam a dependência.
A dependência instala-se, habitualmente, na adolescência ou no início da idade adulta, numa fase da vida em que o cérebro humano ainda não está plenamente amadurecido e apresenta maior suscetibilidade ao uso de substâncias. Existem diferentes tipos de dependência que o tabaco provoca:
- dependência física (química): a nicotina atua no sistema de recompensa cerebral proporcionando uma sensação de prazer e bem-estar. Contudo, após algum tempo a quantidade de nicotina no organismo começa a descer, o que induz a necessidade de fumar outro cigarro. Com a continuação do consumo, desenvolve-se tolerância à nicotina, o que origina uma necessidade cada vez maior de voltar a consumir para obter o mesmo grau de satisfação. Algumas pessoas dependentes fumam apenas alguns cigarros por dia, enquanto que outras necessitam de fumar assim que acordam, fumando repetidamente, por vezes 20 ou mais cigarros, ao longo do dia. Assim, o grau de dependência física não é igual em todas as pessoas. Quanto maior o grau de dependência, maior a dificuldade em deixar de fumar.
- dependência psicológica (comportamental): a dependência psicológica varia de pessoa para pessoa e dura mais do que a dependência física, porque é mais complexa. Tomar um café, ligar a alguém ou fazer uma pausa são situações comuns que servem como gatilhos para que os fumadores sintam vontade de fumar. Assim, fumar pode ser considerado pelo fumador como um reforço positivo que satisfaz uma necessidade fisiológica e emocional.
- dependência social: este tipo de dependência está relacionado com a aceitação social do tabagismo e da pressão social. A sensação de segurança, domínio da situação e a pressão de grupo nos mais jovens encorajam o consumo do tabaco.
Quais são as consequências do consumo de tabaco?
Os fumadores têm, em média, menos 10 anos de vida do que os não fumadores, pois as substâncias do fumo do tabaco contribuem para desenvolvimento das principais doenças não transmissíveis, com destaque para:
- doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a bronquite crónica, o agravamento da asma e as infeções respiratórias
- doenças cérebro e cardiovasculares, como a doença cardíaca coronária, o acidente vascular cerebral (AVC), o enfarte agudo do miocárdio ou a hipertensão
- doenças oncológicas, diferentes tipos de cancro em várias localizações do organismo humano
- diabetes mellitus tipo 2
- diminuição da fertilidade
- redução da densidade óssea
- risco de cegueira por degenerescência macular
Para além destas doenças, fumar diminui a imunidade, aumentando o risco de infeções respiratórias e de morte por tuberculose.
Atualmente o tabaco contribui para a morte anual de mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, em 2019, estima-se que o tabaco tenha contribuído para a morte de mais de 13 mil pessoas, das quais cerca de 1700 por exposição ao fumo passivo.
Quais os tipos de cancro que estão associados ao tabagismo?
O fumo do tabaco contém mais de 7 mil químicos que provocam efeitos aditivos, tóxicos e irritantes e contribuem para a diminuição da imunidade e desenvolvimento de vários tipos de cancro:
- lábio
- língua
- boca
- esófago
- faringe e laringe
- pulmão
- rins
- bexiga
- estômago
- pâncreas
- fígado
- colo do útero
- colorretal (cólon e reto)
- leucemia mieloide aguda (cancro no sangue)
Para além das doenças que outros efeitos tem o consumo de tabaco?
Para além do desenvolvimento de várias doenças e de aumentar o risco de mortalidade prematura, o consumo de tabaco provoca uma série de outros problemas de saúde e afeta negativamente a aparência física, sendo os sinais mais notórios:
- problemas de saúde oral: mau hálito, doença periodontal e dentes amarelados
- dedos e unhas amareladas
- pele seca e com mais rugas
- enfraquecimento e queda de cabelo
- ar cansado devido à diminuição da qualidade do sono
- aumento do cansaço e diminuição da capacidade física
- menopausa precoce
- menstruações irregulares
- redução do paladar e do olfato
- cataratas
- úlceras gástricas
O meu hábito de fumar prejudica a saúde de quem me rodeia?
Sim. O fumo do tabaco é prejudicial não só para quem fuma, como para quem está exposto ao fumo ambiental ou fumo passivo.
O que é o fumo ambiental ou fumo passivo?
O fumo ambiental do tabaco é definido como a combinação do fumo do cigarro aceso e do fumo exalado pelos fumadores para o meio ambiente.
O fumo passivo consiste na inalação do fumo ambiental do tabaco, pelas pessoas não fumadoras que se encontram na proximidade de pessoas a fumar ou que permanecem em espaços poluídos pelo fumo.
Respirar o fumo do tabaco no ambiente contribui para o desenvolvimento de várias doenças, em particular de doenças respiratórias e cardiovasculares, aumento do risco de cancro do pulmão e aumento da mortalidade, tanto dos fumadores, como dos fumadores passivos.
Quais são os grupos mais vulneráveis aos efeitos pela exposição ao fumo passivo?
A inalação de fumo passivo, representa um risco significativo para:
- bebés e crianças: têm uma maior tendência para desenvolver síndrome da morte súbita, tosse, asma, infeções do ouvido ou infeções respiratórias como a pneumonia e bronquite. Uma criança exposta ao fumo passivo tem maior probabilidade de se tornar fumadora na vida adulta
- pessoas idosas
- doentes com asma ou outras condições respiratórias
- pessoas com doenças cardiovasculares ou outras doenças crónicas
- indivíduos com o sistema imunitário débil
Fumar durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento do feto?
Sim. Fumar durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento do feto e provocar:
- aborto espontâneo
- gravidez ectópica
- morte do feto
- parto prematuro
- baixo peso do bebé ao nascer
- malformações congénitas, como o lábio leporino e a fenda palatina
- morte súbita do lactente
Quero deixar de fumar. O que devo fazer?
Se precisar de ajuda, fale com o seu médico ou marque uma consulta de cessação tabágica realizadas por médicos especializados, preparados para o ajudar a deixar de fumar.
Para ter sucesso, existem 15 passos que deve considerar:
- Faça uma lista das razões que o/a levam a querer deixar de fumar
- Conheça melhor os seus hábitos de fumar
- Calcule quanto vai poupar se deixar de fumar
- Fixe uma data para deixar de fumar
- Comunique a sua decisão a quem o/a rodeia
- Prepare-se para o Dia D
- Treine mentalmente as estratégias para lidar com o desejo de voltar a fumar
- No Dia D, primeiro dia sem tabaco, não volte a fumar, nem um único cigarro
- Evite os momentos ou circunstâncias em que habitualmente fumava sempre um cigarro
- Evite estar na proximidade de fumadores
- Faça uma alimentação saudável. Não substitua o tabaco por comida
- Aumente o seu nível diário de atividade física
- Aprenda a recusar o tabaco se alguém lho oferecer
- Guarde num local visível todo o dinheiro que está a poupar ao deixar o tabaco
- Acaba de vencer! Celebre o sucesso!
Para mais informações, consulte o guia Deixar de fumar e conheça os benefícios em deixar de fumar.
Quais os sintomas que vou ter com a cessação?
A eliminação súbita dos índices de nicotina no sangue produz um conjunto de sintomas a que se dá o nome de síndrome de abstinência tabágica e que se manifesta por diversos sintomas, como por exemplo:
- intranquilidade ou excitação
- aumento da tosse e da expetoração, devido à melhoria da função de limpeza das células ciliadas da árvore brônquica
- ansiedade, irritação e agressividade
- má disposição
- dificuldade de concentração que pode diminuir a atenção na condução de veículos
- melhoria do olfato e do paladar
- aumento do apetite e do peso corporal
- diminuição da frequência cardíaca
- alteração do sono
- dificuldades de concentração
- dores de cabeça e tonturas
Existem diversos medicamentos que podem atenuar bastante estes sintomas: alguns de venda livre, como os substitutos de nicotina em gomas, pastilhas e adesivos; outros de prescrição médica obrigatória. Devem sempre ser tomados de acordo com as respetivas indicações terapêuticas e grau de dependência. Aconselhe-se com o seu médico ou farmacêutico ou procure uma consulta de cessação tabágica.
Para além da medicação, poderá receber aconselhamento comportamental, aprender técnicas de relaxamento para saber lidar com a necessidade de voltar a fumar, e receber informação sobre o modo de evitar o ganho peso, através da adoção de um estilo de vida mais ativo e de uma alimentação mais saudável.
Fonte: Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo– Direção-Geral da Saúde