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Serviço Nacional de Saúde 24
Doenças do coração

O que é uma arritmia cardíaca?

A arritmia é um batimento cardíaco anormal. Assim, as alterações do ritmo do batimento cardíaco designam-se por arritmias e podem manifestar-se por:

  • alterações da frequência com que se dá o batimento cardíaco: mais rápida ou mais lenta
  • alterações da regularidade com que o batimento cardíaco ocorre

Algumas arritmias são consideradas benignas, mas outras podem ser fatais e originar morte súbita.

Como se carateriza a morte súbita?

A morte súbita cardíaca é definida como sendo uma morte de causa natural, devida a uma doença cardíaca, caracterizada por uma perda súbita de consciência, e que ocorre dentro de uma hora após o início dos sintomas agudos.

Em Portugal, em média, cerca de 10 mil pessoas sofrem de morte súbita cardíaca anualmente. A prevalência desta situação é superior em faixas etárias mais elevadas, no entanto também pode afetar jovens com doença cardíaca não diagnosticada e assintomática. No geral, cerca de 20% das mortes ocorre de forma súbita e, aproximadamente, metade das mortes por doença cardiovascular são atribuídas a episódio de morte súbita.

Existem diferentes tipos de arritmias cardíacas?

Sim. A arritmia pode ser:

  • lenta
  • rápida: aquelas cujos batimentos são acima de 100 por minuto. Estas arritmias dividem-se em dois tipos, conforme o local onde têm origem:
    • arritmias supraventriculares: quando a sua origem é ao nível das aurículas
    • arritmias ventriculares: quando a origem é nos ventrículos
  • sinusal respiratória: este tipo de arritmias pode ocorrer na criança ou no jovem e é totalmente normal que ocorram
  • extrassístole: estas arritmias caracterizam-se por batimentos precoces que ocorrem mais cedo no ciclo cardíaco. São muito frequentes na população e, na grande maioria das vezes, são benignas
  • taquicardia sinusal: aquelas cujos batimentos são acima de 100 batimentos por minuto
  • taquicardia ventricular mantida: caracterizam-se por batimentos rápidos a nível dos ventrículos, e que pode culminar na fibrilhação ventricular, com paragem cardíaca ou morte súbita
  • fibrilhação auricular: é uma arritmia que se manifesta por batimentos cardíacos rápidos e irregulares. Nestes casos pode ocorrer uma espécie de “curto circuito” nas aurículas, que perdem a capacidade de contraírem normalmente. O coração em fibrilhação auricular não funciona de forma adequada, torna-se menos eficaz e apresenta o risco de formação de coágulos no seu interior. Estes coágulos podem libertar-se para a circulação sanguínea e dar origem a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), a principal complicação desta arritmia

Quando ocorrem as arritmias cardíacas?

As arritmias, ou alterações do ritmo cardíaco, ocorrem quando os impulsos elétricos do coração que coordenam os batimentos cardíacos não são emitidos de forma adequada originando que o coração bata:

  • demasiado depressa
  • demasiado devagar
  • de um modo irregular

Quais os sintomas das arritmias?

Os sintomas possíveis das arritmias são:

  • aumento ou diminuição da frequência do batimento cardíaco
  • irregularidades do batimento cardíaco
  • palpitações
  • dor no peito
  • dificuldade na respiração

Quando as arritmias afetam a capacidade do coração para bombear sangue, podem causar:

  • enjoos
  • tonturas
  • desmaio

Qual é a causa das arritmias?

As arritmias podem ser de causa:

  • primária: originadas nas células cardíacas responsáveis pela condução do impulso elétrico, não existindo doença do músculo cardíaco, das artérias coronárias nem das válvulas cardíacas. Algumas destas arritmias podem ser de origem congénita/genética
  • secundária: têm origem numa doença do coração subjacente. Como exemplos são a doença coronária (enfarte do miocárdio agudo ou antigo), dilatação das cavidades cardíacas, doença valvular, alcoolismo, uso indevido de drogas, etc.

Quais os fatores de risco para desenvolver as arritmias?

Uma vez que muitas arritmias estão associadas à doença cardiovascular, os principais fatores de risco são:

  • colesterol elevado
  • tabagismo
  • diabetes
  • hipertensão arterial
  • obesidade
  • sedentarismo
  • aterosclerose

Segundo os dados disponíveis, 55% da população portuguesa entre os 18 e os 79 anos apresenta dois ou mais fatores de risco.

Quais as principais complicações das arritmias?

A maior parte das arritmias não apresenta sintomas, e não interfere na capacidade cardíaca de bombear o sangue. Por isso, normalmente, implicam pouco ou nenhum risco, embora possam causar grande ansiedade se a pessoa tiver consciência da arritmia.

No entanto, qualquer arritmia que interfira na capacidade cardíaca de bombear o sangue deve ser considerada grave. O prognóstico depende, em parte, da origem da arritmia. Habitualmente, as arritmias iniciadas nos ventrículos são mais graves e podem resultar em morte súbita.

A fibrilhação auricular, pelo risco de formação de coágulos no interior do coração, pode causar AVC, pelo que deve ser medicada com anticoagulantes para prevenir os mesmos.

Como é feito o diagnóstico das arritmias?

A descrição dos sintomas permite ao médico, em muitos casos, realizar um diagnóstico preliminar e determinar a gravidade da arritmia. Contudo, é necessário a realização de exames específicos para determinar com exatidão a natureza e causa da arritmia. Os principais são:

  • eletrocardiograma (ECG): é o principal exame diagnóstico uma vez que fornece uma representação gráfica da produção de corrente elétrica a cada batimento do coração, durante o período da realização desse exame (menos de um minuto).
  • ECG portátil: é principalmente útil nas arritmias intermitentes uma vez que regista o ritmo cardíaco de forma contínua, durante 24 a 48 horas (Holter), ou quando a pessoa percebe uma anormalidade no ritmo cardíaco e ativa o aparelho (monitor de eventos). Posteriormente, o médico pode correlacionar os sintomas com o ritmo cardíaco naquele momento

Para detetar arritmias ainda mais raras, os médicos podem igualmente utilizar:

  • gravador de eventos implantável: trata-se de um pequeno dispositivo subcutâneo de gravação implantado na região subcutânea do tórax, junto ao esterno, podendo aí permanecer durante anos a transmitir informação
  • teste eletrofisiológico: consiste em cateteres com pequenos elétrodos nas extremidades que são inseridos pelas veias da perna, ou do pescoço, até ao seu coração sob anestesia local. Os elétrodos vão estimular o coração e vão monitorizar a resposta para analisar que tipo de arritmia está presente, em que parte do coração é originada e qual é o melhor tratamento para esta alteração

É possível prevenir as arritmias?

É possível prevenir as arritmias na medida em que a prevenção da doença cardiovascular reduz também a ocorrência da maioria das arritmias.

Qual é o tratamento das arritmias?

O tratamento vai depender do tipo e gravidade da arritmia. Em pessoas com uma arritmia inofensiva, o tratamento suficiente pode ser a confirmação de que a arritmia não tem gravidade. Evitar o consumo de álcool, cafeína e tabaco são medidas igualmente importantes.
Em geral os tratamentos dividem-se em:

  • medicamentos antiarrítmicos, para arritmias com frequência cardíaca rápida
  • estimulação do ritmo cardíaco (pacemaker), para arritmias com frequência cardíaca lenta. O pacemaker é um sistema de estimulação implantado sobre a pele abaixo da zona clavicular para controlar e promover os batimentos cardíacos
  • aplicação de choque elétrico, para arritmias com frequência cardíaca rápida, sob sedação/anestesia
  • ablação por cateter, aplicação de energia (radiofrequência ou crioenergia) no interior do coração, para terminar ou modificar a arritmia

Fonte: Sociedade Portuguesa de Cardiologia

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