O que é a hipertensão arterial?
A hipertensão arterial (HTA) caracteriza-se por uma pressão sanguínea excessiva na parede das artérias, acima dos valores considerados normais, que ocorre de forma crónica. Define-se hipertensão arterial quando a pressão máxima é maior ou igual a 140 mmHg (vulgo 14), ou a pressão mínima é maior ou igual a 90 mmHg (vulgo 9).
Na Europa estima-se que a hipertensão arterial afete cerca de 35-40% da população, e em Portugal estima-se que a prevalência de hipertensão arterial na população adulta seja de 42,6%. Dos doentes com hipertensão arterial, menos de metade estão medicados com fármacos anti hipertensores e só 11,2% estão controlados.
O que é a pressão arterial?
A pressão arterial é a força que o sangue faz sobre a parede das artérias, durante a sua circulação, e resulta em duas medidas:
- sistólica ou “máxima”: aparece em primeiro lugar e mede a força com que o coração se contrai e “expulsa” o sangue do seu interior
- diastólica ou “mínima”: é o segundo valor e diz respeito à medição da pressão quando o coração relaxa entre cada batimento
Quando a pressão arterial é normal permite que o sangue se distribua por todo o corpo, chegando a todos os órgãos, embora o valor da pressão arterial não seja sempre igual variando (dentro dos valores normais) durante as 24h do dia.
Em determinados momentos, o valor de pressão arterial pode aumentar devido a esforços físicos ou emocionais, e após a resolução dessas situações, é normal que os seus valores voltem aos níveis considerados normais. Com o avançar da idade a pressão arterial também aumenta.
A pressão arterial tem consequências negativas para a saúde quando se encontra elevada de forma crónica ou quando aumenta subitamente.
Existe mais do que um tipo de hipertensão arterial?
Existem dois tipos de hipertensão arterial:
- primária (também chamada por vezes de essencial), é aquela em que não é conhecida a causa, e que é a situação mais frequente (aproximadamente 90-95% dos casos). No entanto, apesar de não se conhecer a causa, sabe-se que algumas situações podem facilitar o aumento da pressão arterial, nomeadamente:
- o consumo excessivo de sal
- a obesidade
- o envelhecimento
- o stress emocional
- entre outros fatores
- secundária, nos doentes em que a causa é identificável e poderá ser tratada com uma intervenção específica e dirigida
Quais os sintomas da hipertensão arterial?
É habitual dizer-se que a hipertensão arterial é uma doença silenciosa porque na grande maioria das vezes não causa sintomas. No entanto, com o decorrer dos anos, a pressão arterial excessiva acaba por danificar precocemente os vasos sanguíneos e os principais órgãos do organismo, como o cérebro, o rim e o coração, podendo provocar sintomas como:
- dores de cabeça
- tonturas
- zumbidos
- aumento dos batimentos cardíacos
- dor no peito
- falta de ar
Quais as causas da hipertensão arterial?
A hipertensão arterial pode ser causada por:
- stress
- excesso de peso
- ingestão excessiva de sal, açúcar ou de álcool
- tabaco
Também pode ser causada por doenças ou determinadas condições, como:
- apneia do sono
- doença renal
- Síndrome de Cushing
- feocromocitoma
- hiperaldosteronismo primário
- coartação da aorta
- doença tiroideia e paratiroideia
- contracetivos orais, descongestionantes nasais, fármacos dietéticos
- gravidez
Quais as consequências da hipertensão arterial?
A longo prazo, a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC)
- ataque cardíaco
- insuficiência cardíaca
- insuficiência renal
- perda gradual da visão
- disfunção eréctil
- doença arterial periférica
Como se diagnostica a hipertensão arterial?
Como já foi referido, a hipertensão arterial é uma doença silenciosa, podendo nunca manifestar sintomas. Assim, o seu diagnóstico baseia-se na medição dos valores de pressão arterial (≥140/90 mmHg), e verificação que estão acima dos considerados normais, em mais do que uma avaliação. Ou seja, um valor de pressão arterial elevado isoladamente não significa que a pessoa seja hipertensa.
Em cada visita médica a pressão arterial deve ser avaliada 3 vezes, com 1 a 2 minutos de diferença. A pressão arterial a considerar é a média das duas últimas avaliações.
Em alternativa, a pressão arterial pode ser avaliada pela própria pessoa em sua casa, ou através de um aparelho de Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial (MAPA) durante 24 horas.
Uma vez confirmada a existência de hipertensão, devem ser também realizados outros exames que ajudem a entender a sua origem e as suas complicações, como:
- história familiar e clínica
- exame físico
- análises sanguíneas e à urina
- eletrocardiograma
- ecocardiograma
- ecografia carotídea e abdominal
- entre outros
Como e quando devo medir a pressão arterial?
Todos os adultos (≥18 anos) devem avaliar a sua pressão arterial nas visitas médicas, e deve ser registada no seu processo clínico.
É importante salientar que antes da avaliação da pressão arterial se deve:
- evitar fumar e consumir café
- descansar na posição sentada pelo menos durante 5 minutos
No ato de medição, as costas e os braços devem estar apoiados e devem ser obtidas três medições da pressão arterial com 1-2 minutos de diferença. O valor de pressão arterial a considerar resulta da média das duas últimas avaliações.
Na primeira avaliação médica deve ser avaliada a pressão arterial nos dois braços, e nas avaliações seguintes deve utilizar-se o braço com o valor mais elevado.
A repetição da avaliação deve ser feita:
- a cada 5 anos, quando apresentar valores de pressão arterial <120/80 mmHg
- a cada 3 anos, quando apresentar valores entre os 120-129/80-84 mmHg
- anualmente, quando apresentar valores de pressão arterial entre 130-139/85-89 mmHg
Onde posso medir a pressão arterial?
A pressão arterial pode ser medida:
- no consultório do médico
- em casa
- através de monitorização ambulatória da mesma (MAPA)
Em todos os casos, é importante que a pressão arterial seja medida cuidadosamente utilizando um equipamento validado pelo seu médico ou farmacêutico.
A hipertensão arterial pode ser fatal?
A ocorrência de uma elevação súbita e marcada da pressão arterial é conhecida como crise hipertensiva. A sua gravidade relaciona-se, principalmente, com o grau da elevação da pressão arterial e com a rapidez de instalação, e não tanto com o valor absoluto da pressão arterial.
Quando a crise hipertensiva se associa a sinais e sintomas de lesão de órgãos-alvo (coração, rim, cérebro, etc.) denomina-se de emergência hipertensiva e pode ser ameaçadora de vida.
A hipertensão arterial pode ser prevenida?
Sim. Para prevenir a hipertensão arterial, o passo inicial é melhorar o seu estilo de vida:
- não fumar
- ter uma alimentação saudável
- fazer exercício físico regular
- evitar consumo excessivo de álcool
- controlo de peso
Quem é que está mais vulnerável a desenvolver hipertensão arterial?
Cerca de 90% dos casos de hipertensão arterial são de causa não totalmente esclarecida, no entanto, fatores relacionados com o estilo de vida como a obesidade, o consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo, podem tornar uma pessoa mais vulnerável a desenvolver hipertensão arterial.
Devo ter algum cuidado com a alimentação?
Sim. Em caso de hipertensão arterial deve reduzir e controlar a ingestão de sal, sódio e açúcar na sua alimentação.
Como se trata a hipertensão arterial?
O tratamento da hipertensão arterial depende da sua gravidade. Numa primeira fase, devem-se alterar os hábitos alimentares e estilos de vida. Se estas mudanças não forem suficientes, existem diversos medicamentos disponíveis para o tratamento da hipertensão arterial, que podem ser usados isoladamente ou em combinação. Caberá ao médico decidir qual o melhor tratamento para cada caso.
Se tiver hipertensão arterial, devo consultar o médico antes de engravidar?
Sim. A hipertensão arterial afeta cerca de 5-10% das mulheres grávidas, e constitui uma causa muito importante de doença (morbilidade) e até mortalidade, quer para a mãe, quer para o feto.
Nas mulheres que já têm hipertensão arterial antes de engravidar, é de extrema importância que sejam orientadas para uma consulta especializada, para que a sua pressão arterial seja controlada. É fundamental também, rever a medicação anti hipertensora nestas mulheres, para que esta não seja prejudicial para o futuro bebé.
As crianças também podem ter a pressão arterial alta?
Sim. O número de casos (prevalência) de hipertensão arterial em crianças e adolescentes entre os 4 e os 18 anos varia de 2,2% a 13%, verificando-se que este número está a aumentar com a epidemia da obesidade.
A partir de que idade se deve medir a pressão arterial?
A pressão arterial deve ser avaliada em crianças a partir dos 3 anos de idade. Uma vez medida a pressão arterial, as crianças e adolescentes com:
- valores de pressão arterial normais, devem ser reavaliados a cada 2 anos
- pressão arterial elevada e sem lesão de órgão-alvo, devem ser avaliadas anualmente
As crianças devem consumir a mesma quantidade de sal ou açúcar do adulto?
Não. O consumo de açúcar e sal nas crianças e adolescentes está associado a maior risco de desenvolvimento de hipertensão arterial. As recomendações para a ingestão de açúcar e sal são de quantidades inferiores às do adulto.
Quais são as causas da hipertensão arterial na infância?
Na infância, tal como acontece na vida adulta, a hipertensão arterial também pode ser considerada primária ou secundária.
A hipertensão arterial na infância está associada:
- epidemia da obesidade
- sedentarismo
- consumo excessivo de sal ou açúcar
- consumo de álcool e tabaco
- diabetes
- colesterol elevado
- entre outras
Também devem ser consideradas causas como:
- apneia do sono
- doença renal
- doença endocrinológica
- toma de medicamentos