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Doenças do coração

O que é a insuficiência mitral?

A insuficiência mitral é uma doença na qual a válvula mitral perde a sua competência e função de encerramento e apresenta fugas de sangue (regurgitação) do ventrículo para a aurícula (no sentido contrário ao fluxo normal de sangue).

O que é a válvula mitral?

A válvula mitral é uma válvula cardíaca que separa a aurícula esquerda do ventrículo esquerdo. A sua função é permitir a passagem do sangue da aurícula esquerda para o ventrículo esquerdo (abrindo) e impedir que o sangue volte do ventrículo esquerdo para a aurícula esquerda quando este é bombeado para o resto do corpo.

Como se desenvolve a insuficiência mitral?

A insuficiência mitral desenvolve-se por dois principais mecanismos:

  • problemas da própria válvula mitral (insuficiência mitral primária): podem surgir por defeitos da válvula de nascença, infeções que destroem a válvula, ou até mesmo traumatismos de grande impacto que possam provocar uma rotura da válvula. Podem surgir de forma súbita ou ir agravando progressivamente ao longo do tempo
  • problemas do ventrículo que afetam o funcionamento da válvula mitral (insuficiência mitral secundária): surgem normalmente após vários anos de evolução de outras doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca, arritmias ou fibrilhação auricular

Existem fatores de risco para insuficiência mitral?

A obesidade, a hipertensão arterial e o sedentarismo pelas alterações que provoca ao coração e ao sistema circulatório podem provocar insuficiência mitral ou agravar uma insuficiência mitral já existente.

A insuficiência mitral é frequente?

Sim. A insuficiência mitral é a 2.ª principal causa de necessidade de cirurgia valvular nos países europeus. Atualmente, com o acesso generalizado a antibióticos e a redução da febre reumática, o número de novos casos de insuficiência mitral primária reduziu significativamente. A insuficiência mitral secundária é atualmente muito mais frequente e surge habitualmente nas pessoas acima dos 60 anos e com outras doenças cardíacas.

Quais os sintomas da insuficiência mitral?

Os principais sintomas de insuficiência mitral são:

  • cansaço
  • falta de ar
  • baixa tolerância a exercício físico
  • palpitações

Como se diagnostica a insuficiência mitral?

A insuficiência mitral surge como suspeita diagnóstica após a auscultação de um sopro cardíaco. O diagnóstico pode ser confirmado com a realização de:

  • um ecocardiograma transtorácico, convencional
  • um ecocardiograma transesofágico, um exame semelhante a uma endoscopia para avaliação cardíaca com o objetivo de identificar com maior detalhe o funcionamento da válvula mitral, nomeadamente se necessitar de alguma intervenção para esta válvula

Quais as complicações da insuficiência mitral?

A insuficiência mitral poderá levar a insuficiência cardíaca (provocando sintomas de falta de ar, cansaço para esforços ou inchaço das pernas), ou também a arritmias como fibrilhação auricular (podendo provocar palpitações, desconforto torácico ou tonturas).

Como se classifica a insuficiência mitral?

A insuficiência mitral classifica-se por meio de ecocardiograma em três graus:

  • ligeira
  • moderada
  • grave

Quase todas as pessoas podem ter um grau ligeiro ou mínimo de insuficiência mitral que se considera normal (fisiológico).

Algumas condições como a hipertensão arterial, a obesidade, o sedentarismo bem como o envelhecimento podem agravar a insuficiência mitral para grau moderado ou grave.

Quando a insuficiência mitral atinge o grau grave pode ter necessidade de intervenção.

Como se trata a insuficiência mitral?

O tratamento da insuficiência mitral passa por:

  • intervenções no estilo de vida como:
    • controlo da pressão arterial
    • perda de peso
    • prática de exercício físico
  • toma de medicação, para alívio de sintomas
  • controlo dos batimentos cardíacos

Existe ainda a possibilidade de correção da doença através de:

  • cirurgia convencional, realizada de peito aberto
  • cateterismo, procedimento minimamente invasivo por cateter, introduzido por uma veia na virilha

O que é feito na cirurgia da válvula mitral?

O tratamento por cirurgia é a melhor forma de corrigir o funcionamento da válvula e está indicado, normalmente, na insuficiência mitral primária. O problema da válvula pode ser corrigido por:

  • reparação da válvula (valvuloplastia), mantendo a válvula
  • substituição por uma prótese valvular
    • mecânica, de maior durabilidade, mas que obrigada a medicação crónica para fluidificação do sangue
    • biológica, que não obriga a medicação específica para fluidificação do sangue, mas que apresenta menor durabilidade

O que é feito no tratamento por cateterismo?

Quando não é possível realizar cirurgia pode-se melhorar os sintomas da doença com a realização de um cateterismo cardíaco e proceder à colocação de uma peça própria (“mitraclip”) permitindo reduzir a insuficiência mitral.

Qual a melhor alternativa: cirurgia cardíaca ou cateterismo cardíaco?

A cirurgia clássica é sempre a melhor alternativa para restaurar o normal funcionamento da válvula, porque permite uma reparação completa do funcionamento da válvula ou a possibilidade de a substituir por uma prótese. Quando não é possível realizar cirurgia cardíaca, a intervenção por cateterismo poderá reduzir o grau de insuficiência mitral, aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida do doente.

Como é a recuperação após os diferentes tratamentos?

A cirurgia exige uma recuperação mais prolongada, embora varie de caso para caso. Normalmente, exige um internamento de 7 a 10 dias, de 1 mês até cicatrização completa e, em alguns casos, de cerca de 2 meses até ao regresso a uma atividade normal.
A intervenção por cateterismo requer um internamento de cerca de 3 a 5 dias e um prazo de cerca de 1 a 2 semanas até ao regresso a uma atividade normal.

Como se pode prevenir o aparecimento e o agravamento da insuficiência mitral?

O aparecimento da insuficiência mitral pode ser prevenido através de:

  • controlo da pressão arterial
  • manutenção de um estilo de vida saudável
  • controlo rigoroso das doenças cardíacas

Fonte: Sociedade Portuguesa de Cardiologia

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