O que é a tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa, que se transmite, entre pessoas, maioritariamente por via inalatória, ou seja, pela inalação de gotículas expelidas pela pessoa doente quando tosse, fala ou espirra. Ao inalar o ar com bacilos, estes vão depositar-se nos pulmões. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. É uma doença grave, mas potencialmente curável.
Que formas de tuberculose existem?
Existem três formas de tuberculose:
- tuberculose pulmonar: o pulmão é o principal órgão atingido pela doença, uma vez que o contacto do bacilo (pertencente à família das micobactérias) com o organismo é feito por via inalatória
- tuberculose extrapulmonar: podem ser atingidos os seguintes órgãos: gânglios linfáticos, pleura, meninges, pericárdio, ossos, rins, fígado, intestinos, pele, entre outros
- tuberculose disseminada: quando o bacilo atinge a circulação sanguínea, todo o organismo pode ser atingido
Quais são os sintomas?
Os sintomas da doença são:
- tosse persistente há mais de 2 a 3 semanas
- cansaço
- emagrecimento
- suores noturnos
- aumento da temperatura corporal ao final do dia (febrícula vespertina)
Na tuberculose pulmonar, os principais sintomas são:
- cansaço fácil
- perda de apetite
- fraqueza
- emagrecimento
- suores noturnos
- febre habitualmente baixa de predomínio ao final do dia e noite
- tosse persistente, frequentemente com expetoração amarelada ou esverdeada e que pode conter sangue
Na tuberculose extrapulmonar, existem queixas muito variadas, dependentes do órgão atingido.
Todos os infetados têm sintomas?
Não. Quando os bacilos inalados durante a inspiração alcançam e se depositam nos pulmões, pode ocorrer uma das seguintes situações:
- através das suas defesas naturais, o indivíduo consegue eliminar os bacilos dos pulmões
- surgimento de sintomas quando o bacilo ultrapassa e vence as defesas naturais – tuberculose doença
- não surgem sintomas, mas os bacilos podem permanecer no interior do organismo, por longos períodos de tempo – tuberculose latente
Como se transmite?
A tuberculose transmite-se principalmente por via aérea através da inalação de gotículas, expelidas pela pessoa doente quando respira, tosse, fala ou espirra. Ao inalar o ar com bacilos, estes vão depositar-se nos pulmões.
Todas as formas de tuberculose são contagiosas?
Não. Os doentes com tuberculose pulmonar que libertem o bacilo para o ar durante a respiração, fala, tosse ou espirro podem contagiar. As formas de tuberculose extrapulmonar não são contagiosas.
Como me posso prevenir?
A tuberculose pode ser parcialmente prevenida e evitada. Se teve contacto com um doente com tuberculose deve fazer o rastreio. Dirija-se ao seu centro de saúde e fale com um profissional. Poderá ter ainda indicação para tratamento preventivo.
O doente e os que o rodeiam podem agir de forma a prevenir o contágio, nomeadamente, através do:
- uso de máscara
- assegurar condições de distanciamento físico em espaço arejado e exposto à luz solar
- o bacilo da tuberculose é muito sensível à ação dos raios ultravioleta
- assegurar boas condições de higiene, habitação e nutrição
As pessoas em risco, nomeadamente os contactos próximos de doentes com tuberculose respiratória, devem fazer o rastreio de tuberculose, que consiste numa avaliação clínica, radiografia pulmonar, teste tuberculínico e/ou teste IGRA. O tratamento preventivo consiste em esquemas de um ou dois antibióticos em períodos entre 3 e 9 meses.
Quem tem maior risco de ter tuberculose?
Geralmente apenas 10% das pessoas infetadas desenvolvem a doença, sendo este risco superior nas populações imunocomprometidas, nomeadamente crianças pequenas, pessoas infetadas com o vírus de imunodeficiência humana (VIH) ou a fazer medicação imunossupressora.
Os grupos de risco são pessoas:
- dos extremos etários (crianças e idosos)
- com desnutrição
- com infeção pelo vírus da SIDA
- com diabetes
- com cancro
- cuja medicação comprometa as defesas naturais, como quimioterapia ou o uso prolongado de corticoides
- com doenças pulmonares crónicas
- doentes a fazer tratamentos biológicos ou imunossupressores
As crianças com menos de 6 anos expostas a tuberculose têm um risco elevado de desenvolver a doença.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da tuberculose assenta na identificação laboratorial de Mycobacterium tuberculosis em produtos orgânicos (expetoração, na maioria das vezes). A confirmação da doença e do perfil de suscetibilidade aos antibacilares permite a escolha do correto tratamento.
Hoje em dia são utilizados testes microbiológicos e de biologia molecular, sendo possível um diagnóstico da doença e das mutações que conferem resistência aos antibacilares de primeira linha.
Qual é o período de incubação?
Após a infeção pelo Mycobacterium tuberculosis, decorrem em média 4 a 12 semanas para a deteção das lesões primárias.
Qual é o tratamento da tuberculose?
Habitualmente o tratamento da tuberculose é feito através da administração, por via oral, de medicamentos (antibacilares de primeira linha), fornecidos gratuitamente nos Centros de Diagnóstico Pneumológico, unidades de saúde diferenciadas na área da tuberculose.
A duração mínima do tratamento são 6 meses e a máxima pode atingir os 24 meses. Ainda assim, a duração fica à responsabilidade do médico, que avalia caso a caso em função da gravidade e evolução clínica da doença.
Onde é feito o tratamento da tuberculose?
O seguimento dos doentes, o rastreio de conviventes e o tratamento da doença é feito, preferencialmente, nos Centros de Diagnóstico Pneumológico, espalhados pelo país. O internamento só é proposto quando as condições clínicas assim o exigem.
O tratamento tem efeitos secundários?
Na maioria dos casos, os fármacos utilizados no tratamento da tuberculose são bem tolerados. O efeito secundário mais comum é a intolerância gastrointestinal.
Os efeitos secundários raros são: reações alérgicas cutâneas, efeitos tóxicos sobre o fígado, aumento do ácido úrico, alterações sanguíneas, como anemia ou redução do número de plaquetas e dores articulares.
Em caso de suspeita de algum efeito secundário, o doente deve procurar o seu médico, que decidirá possíveis alterações ou suspensões terapêuticas.
Existe vacinação para a tuberculose?
Em junho de 2016, dada a evolução epidemiológica da tuberculose em Portugal, foi decidido alterar a estratégia de vacinação com BCG em Portugal e passaram a vacinar-se apenas as crianças com fatores de risco individuais ou comunitários para a tuberculose.
Fonte: Direção-Geral da Saúde (DGS)