Vírus da hepatite B (VHB)
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O que é?
O VHB é o vírus que causa a hepatite B. Esta infeção viral desenvolve doenças hepáticas graves, como a cirrose e cancro no fígado.
O que é a hepatite B?
A hepatite B é uma inflamação do fígado que pode ser aguda e/ou crónica. Em cerca de 5% dos casos a hepatite B em adultos torna-se crónica, podendo provocar cirrose hepática e cancro do fígado.
A maioria das pessoas infetadas pelo vírus da hepatite B (VHB) não desenvolve qualquer sintoma na fase inicial/aguda da infeção, sobretudo quando ocorre durante a infância. No entanto, é importante salientar que a inexistência de sintomas não é sinónimo de controlo da infeção.
Quais são os sintomas?
Quando presentes, os sintomas de infeção aguda podem imitar um quadro gripal com:
- febre
- dor abdominal
- fadiga
- diminuição do apetite
- náuseas
- icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos)
- urina escura
Nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência hepática (falência do funcionamento do fígado), caracterizada por icterícia, acumulação de líquidos e confusão mental.
Como se transmite?
O VHB tem a capacidade de sobreviver fora do organismo por mais de uma semana, mantendo-se ativo neste período. No organismo encontra-se no sangue e em algumas secreções corporais (sémen, secreções vaginais e saliva).
As vias de transmissão mais frequentes são:
- Via sexual (forma mais comum de transmissão na Europa Ocidental). Ter múltiplos parceiros sexuais e não utilizar preservativo são fatores que aumentam significativamente o risco.
- Via parentérica:
- partilha de agulhas/seringas contaminadas, tatuagens, acupuntura, piercings (se utilizado material não esterilizado)
- partilha de escova dos dentes, lâminas de barbear ou outros utensílios de uso pessoal que possam conter sangue contaminado
- transfusões sanguíneas e transplante de órgãos (vias raras de transmissão)
- Transmissão vertical (de mãe para filho), que acontece durante ou imediatamente após o parto. A cesariana não impede a transmissão do vírus.
Como posso prevenir?
A hepatite B é uma doença facilmente evitável.
Os indivíduos infetados devem adotar medidas para diminuir o risco de transmissão da infeção, nomeadamente:
- informar os parceiros sexuais sobre a infeção
- utilizar preservativo em todas as relações sexuais
- não partilhar agulhas, seringas, lâminas, escovas dos dentes ou outros utensílios de uso pessoal que possam ter sangue
- proteger todos os cortes ou feridas com pensos
Os parceiros sexuais, familiares ou outros indivíduos que partilhem a mesma casa devem fazer o teste da hepatite B. Todos aqueles que estejam em risco devem ser vacinados.
Existe vacinação?
A vacinação contra a hepatite B é o elemento chave da prevenção. As vacinas contra o VHB (disponíveis desde 1982) são seguras e apresentam uma eficácia de 95% na prevenção da infeção.
Em Portugal, a vacina está integrada no Programa Nacional de Vacinação desde 1995. É recomendada a administração da:
- 1ª dose logo após o nascimento ainda na maternidade/hospital
- 2ª dose aos 2 meses de idade
- 3ª dose aos 6 meses de idade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que todas as crianças sejam vacinadas contra a hepatite B, idealmente nas primeiras 24 horas de vida. A eficácia desta vacina depende da administração de todas as doses recomendadas.
O que é a profilaxia pós-exposição?
Em caso de exposição ao VHB deve procurar aconselhamento médico imediato. Em indivíduos não vacinados ou que desconhecem se foram ou não vacinados, a administração de imunoglobulina endovenosa contra a hepatite B nas primeiras 12 horas após o contacto com o VHB pode prevenir o desenvolvimento de hepatite B crónica. Na mesma altura deve ser realizada a vacina contra a hepatite B.
A administração de imunoglobulina endovenosa pode não prevenir a infeção, mas previne ou atenua a evolução da doença.
Existe tratamento?
A hepatite B aguda normalmente não necessita de tratamento específico. Na maioria dos casos, o sistema imunitário controla a infeção e consegue eliminar o vírus num período de cerca de 6 meses.
Na hepatite B crónica, a terapia antiviral está muitas vezes recomendada, atingindo-se o controlo do vírus na grande maioria dos casos. Embora não cure a infeção, tem o potencial de reduzir ou até mesmo reverter a lesão do fígado, prevenindo complicações a longo prazo. No entanto, nem todos os doentes com hepatite B crónica necessitam de tratamento imediato, recomendando-se, nestes casos, vigilância a longo prazo.
No tratamento da hepatite B existem vários medicamentos antivirais disponíveis. Uma vez iniciado o tratamento é necessário acompanhamento médico regular para monitorização da eficácia, vigilância de efeitos secundários e deteção de resistências à terapêutica.
O transplante hepático pode ser a única alternativa de tratamento em indivíduos com hepatite B crónica e cirrose hepática avançada ou cancro do fígado em estádios precoces.
Fonte: Direção-Geral da Saúde (DGS)