O que é o vírus da hepatite C?
O vírus da hepatite C (VHC) é um vírus que provoca inflamação no fígado e que causa hepatite C.
Embora alguns indivíduos desenvolvam uma infeção aguda e recuperem espontaneamente do vírus da hepatite C, a maior parte evolui para hepatite crónica. Em 20% dos doentes, a hepatite C crónica pode conduzir à cirrose e/ou cancro do fígado.
O que é a hepatite C?
A hepatite C é uma inflamação do fígado provocada pelo vírus da hepatite C que, quando crónica, pode conduzir à cirrose, insuficiência hepática e cancro.
Quais são os sintomas da hepatite C?
Apenas 25 a 30% dos infetados apresentam, numa fase aguda, sintomas de doença que se podem manifestar da seguinte forma:
- cansaço
- perda temporária ou completa da sensibilidade e do movimento
- náuseas
- febre
- mal-estar geral
- problemas de concentração
- queixas gastrointestinais (como perda de apetite)
- intolerância ao álcool
- dores na zona do fígado
- coloração amarelada da pele e dos olhos (icterícia)
A pele e olhos amarelados (icterícia) é o sintoma mais específico.
Muitas vezes os sintomas não são claros, podendo ser semelhantes aos de uma gripe. O portador crónico do vírus da hepatite C pode mesmo não ter qualquer sintoma, sentir-se saudável e, no entanto, estar a desenvolver uma cirrose ou um cancro hepático.
Como se transmite o vírus da hepatite C?
O vírus da hepatite C transmite-se principalmente por via sanguínea. A sua transmissão ocorre pelo contacto com sangue infetado, normalmente a partir de objetos cortantes e perfurantes. Basta uma pequena quantidade de sangue contaminado para transmitir o vírus, por exemplo através de um corte, ferida ou partilha de seringas.
A transmissão por via sexual é rara, mas pode ocorrer, principalmente se houver lesões das mucosas genitais.
O vírus não se propaga no convívio social, ou na partilha de loiça e outros objetos. Apesar de o vírus já ter sido detetado na saliva, é pouco provável a transmissão através do beijo, a menos que existam feridas na boca.
Qual é o período de incubação do vírus da hepatite C?
O vírus da hepatite C tem um período de incubação (tempo que decorre entre o momento em que uma pessoa é infetada e o aparecimento dos primeiros sintomas) que pode variar entre os 40 e os 70 dias.
Existe risco de transmissão do vírus da hepatite C entre mãe e filho?
O risco de uma mãe transmitir o VHC ao filho durante a gravidez ronda os 6%. Ainda não se sabe se a infeção ocorre durante a gravidez ou no período peri-parto. A maior parte dos médicos considera a amamentação segura, já que, em teoria, o vírus só poderia ser transmitido se se juntassem duas situações: existência de feridas nos mamilos da mãe e cortes na boca da criança.
Por vezes são detetados anticorpos nos filhos de mães portadoras, o que não significa que a criança esteja infetada. Normalmente, os anticorpos acabam por desaparecer ao fim de 12 ou 18 meses, pelo que só depois desse período devem ser feitos testes para perceber se o bebé foi de facto infetado.
Como posso prevenir a hepatite C?
Não existe vacina contra a hepatite C. A prevenção da infeção passa por evitar, acima de tudo, o contacto com sangue infetado. Assim:
- não partilhe escova de dentes, lâminas, tesouras ou outros objetos de uso pessoal
- não partilhe seringas e outros instrumentos usados na preparação e consumo de drogas injetáveis e inaláveis
- desinfete as feridas que possam ocorrer e cobri-las com pensos e ligaduras
- use preservativo nas relações sexuais, principalmente quando existem múltiplos parceiros
- caso queira fazer piercings ou tatuagens, garanta que o local onde os vai fazer garante as medidas sanitárias necessárias
Como é feito o diagnóstico da hepatite C?
O diagnóstico à hepatite C envolve a realização do teste para pesquisa de anticorpos para o vírus da hepatite C. Para além da realização de análises ao sangue podem ainda ser feitos exames radiológicos ao fígado, como ecografia ou ressonância magnética.
Posso ter estado exposto ao vírus. O que devo fazer?
Faça o teste de pesquisa de anticorpos para o vírus da hepatite C, que é feito através de uma análise ao sangue.
Onde posso fazer o teste ao vírus da hepatite C?
É possível fazer o teste de deteção do vírus da hepatite C:
- no seu centro de saúde, através de um teste rápido ou com uma requisição médica
- numa organização não-governamental ou organização de base comunitária
- numa farmácia ou um laboratório de patologia clínica/análises clínicas
O que significa um resultado reativo?
Um teste de pesquisa de anticorpos com um resultado reativo significa que foram encontrados anticorpos para o vírus da hepatite C. Contudo, a presença de anticorpos para o vírus da hepatite C não significa necessariamente que o vírus permaneça no organismo. Os anticorpos para o vírus da hepatite C podem apenas corresponder a uma hepatite antiga e curada, pelo que é necessário recorrer a testes mais específicos para avaliar se a infeção está ativa.
A referenciação para uma consulta hospitalar permitirá confirmar ou não a existência de uma hepatite C ativa e, em caso afirmativo, definir o tratamento a prescrever.
O que significa um resultado não reativo?
Se o resultado for não reativo significa que não foram encontrados anticorpos para o vírus da hepatite C no sangue. Deste modo, não está infetado.
Quais são as principais complicações da hepatite C?
Quando a doença evolui de hepatite aguda para hepatite crónica e o sistema imunitário já não é capaz de eliminar o vírus, os doentes podem desenvolver:
- cirrose
- cancro do fígado
- insuficiência hepática
A par do aumento de risco de desenvolvimento destas doenças, aumenta também o risco de morte por causas não hepáticas, principalmente por enfarte agudo do miocárdio.
Qual é o tratamento para a hepatite C?
Todas as pessoas com hepatite C têm disponível no Serviço Nacional de Saúde tratamentos que garantam a cura em mais de 95%.
O tratamento tem como objetivo a cura e é adaptado à fase de evolução da doença e pode incluir:
- a toma de medicamentos, durante um período determinado pelo médico
- transplante hepático em casos mais graves
Posso ter hepatite C mais do que uma vez?
Sim. A cura de uma infeção não protege de nova infeção, por isso é importante adotar medidas preventivas no seu dia a dia.
Fonte: Direção-Geral da Saúde (DGS)