O que é o cancro do pâncreas?
O cancro do pâncreas ocorre quando se formam células malignas no tecido pancreático. O termo “cancro do pâncreas” corresponde genericamente ao adenocarcinoma do pâncreas, que é o tumor maligno do pâncreas mais frequente, e que se forma a partir das células exócrinas (que produzem as enzimas digestivas).
Pode existir mais do que um tipo de cancro do pâncreas?
Sim. No pâncreas podem desenvolver-se vários tipos de tumores malignos.
O que é o pâncreas?
O pâncreas é uma glândula do aparelho digestivo, tem cerca de 15 centímetros de comprimento e encontra-se localizado na parte superior do abdómen, atrás do estômago. O pâncreas divide-se em três partes:
- cabeça (lado direito)
- corpo (secção central)
- cauda (lado esquerdo)
Qual a função do pâncreas?
O pâncreas tem duas funções principais:
- é responsável pela produção de enzimas digestivas, fundamentais para a digestão dos alimentos (função exócrina)
- produção de várias hormonas libertadas para o sangue, a mais conhecida a insulina, fundamental para a regulação dos níveis de açúcar (função endócrina)
Quais os fatores de risco do cancro do pâncreas?
Não são conhecidas as causas para o cancro do pâncreas, mas são conhecidos alguns fatores de risco. Os principais são:
- tabagismo crónico: é o principal fator de risco identificado, aumentando o risco de cancro cerca de duas a três vezes
- obesidade: indivíduos obesos têm um risco ligeiramente superior em desenvolver cancro do pâncreas
- diabetes mellitus com início a partir dos 50 anos, sobretudo nos 3 primeiros anos após o diagnóstico
- pancreatite crónica, geralmente associada ao consumo de álcool e tabaco, é um fator de risco adicional
- doentes portadores de determinado tipo de quistos (mucinosos) do pâncreas
- predisposição familiar: o risco de desenvolver cancro do pâncreas é superior nos familiares de 1º grau (pais, irmãos ou filhos) que tenham ou tiveram a doença (particularmente quando esta surge antes dos 50 anos)
Quais os sintomas do cancro do pâncreas?
O cancro do pâncreas é habitualmente silencioso até uma fase avançada da doença e os sintomas variam com a localização do tumor no próprio órgão.
Os sintomas são relativamente inespecíficos, como:
- dor abdominal
- perda de apetite
- emagrecimento
- cansaço
Pode ainda surgir coloração amarelada dos olhos e pele (icterícia) se o tumor envolver a cabeça do pâncreas e provocar obstrução da drenagem biliar (por invasão da via biliar, que leva a bílis do fígado para o intestino).
Como se faz o diagnóstico do cancro do pâncreas?
O diagnóstico do cancro do pâncreas é habitualmente feito através do exame físico e exames auxiliares, como:
- ecografia abdominal: é muitas vezes a opção inicial por ser um exame simples, não invasivo e inócuo
- tomografia computadorizada (TC) com contraste endovenoso e a ressonância magnética (RM): exames de imagem com excelente pormenor na avaliação do pâncreas e muito importante no diagnóstico e estadiamento (para caracterização da localização e fase da doença)
- ecoendoscopia, também conhecida por ultrassonografia transendoscópica: técnica realizada por um gastrenterologista, sob sedação, e que permite visualizar, através de uma sonda de ecografia de alta resolução, todo o pâncreas através do estômago e duodeno (porção inicial do intestino). É um exame de extrema utilidade no diagnóstico e estadiamento do cancro do pâncreas, com a vantagem única de permitir a realização de biópsias (único meio para obter o diagnóstico definitivo)
É possível fazer o rastreio do cancro do pâncreas?
Não existe um programa de rastreio definido para a população geral. Existem, contudo, exames de fácil execução, rapidamente disponíveis, isentos de complicações e com elevada acuidade que possibilitam o diagnóstico do cancro do pâncreas.
Em vários centros europeus são realizados rastreios a subgrupos específicos com elevado risco de cancro do pâncreas (pela história familiar ou pela identificação de determinadas síndromes hereditárias).
Qual o tratamento do cancro do pâncreas?
O tratamento do cancro do pâncreas vai depender em primeiro lugar de:
- seu estadiamento
- sua localização
Assim, a abordagem terapêutica deve ser individualizada, tendo em consideração as características do doente e do próprio tumor.
As opções terapêuticas podem incluir:
- a cirurgia: a abordagem mais indicada, especialmente quando o cancro é detetado numa fase inicial. A técnica cirúrgica realizada depende essencialmente da localização e relação do tumor com estruturas vizinhas
- a radioterapia
- a quimioterapia
- as anteriores de forma combinada
Contudo, o único tratamento que pode curar efetivamente o cancro é a cirurgia radical, em que é retirado o pâncreas afetado e os gânglios regionais. Trata-se de uma cirurgia complexa, que deve ser realizada apenas em centros de referência, com experiência em cirurgia pancreática.