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Saúde da criança

O que é a roncopatia?

A roncopatia, vulgarmente conhecida por ressonar, corresponde ao som com origem na vibração da parte mole do céu da boca (palato mole) e das paredes da faringe (comumente conhecida como garganta), resultante da passagem do ar.

As crianças também ressonam?

Sim. Segundo a Associação Portuguesa do Sono, a roncopatia afeta 10 a 15% das crianças e, muitas vezes, não é devidamente valorizada.

Ocorre mais na idade pré-escolar e escolar, altura em que se regista o maior crescimento de adenoides e amígdalas, a causa mais frequente de obstrução da via aérea superior.

Quais são as causas mais comuns do ressonar nas crianças?

A causa mais comum para a roncopatia infantil é a obstrução causada por tecidos excessivos na garganta, devido ao facto de a criança possuir amígdalas e adenoides volumosas.

Nestes casos, e quando a criança ressona sem nenhuma interrupção do ritmo respiratório, chama-se “ressonar primário”. Apesar de ser considerada uma situação benigna tem indicação para ser vigiada uma vez que alterações na estrutura do sono podem levar a alterações do comportamento na criança.

Existem outros fatores que podem estar na origem ou agravar o ressonar:

  • obesidade/excesso de peso: a acumulação de gordura interfere com a passagem do ar nas vias aéreas
  • fumo do tabaco: a presença em ambientes de fumo pode causar a inflamação/irritação da mucosa das vias aéreas superiores
  • problemas associados ao foro respiratório:
    • desvio de septo nasal, palato em forma de ogiva, queixo pequeno ou recuado
    • inflamação da mucosa nasal causada por constipação, gripe ou outra infeção respiratória
    • amígdalas e adenoides de maiores dimensões
    • rinite alérgica

Quando é que devo começar a preocupar-me com o ressonar do meu filho?

Normalmente, este tipo de roncopatia  é temporário e acaba por desaparecer com o crescimento da criança, não devendo ser causa de preocupação. Por outro lado, há casos de roncopatia infantil mais sérios e até graves.

Assim, sempre que uma criança ressona de forma recorrente, consistente e com paragens respiratórias, deve procurar ajuda junto do seu médico assistente para poderem ser pesquisados outros sinais e avaliar o grau de perturbação respiratória do sono.

Qual a perturbação respiratória do sono mais comum?

O diagnóstico mais frequente é a síndrome de apneia obstrutiva do sono, embora as perturbações respiratórias do sono possam ter vários graus de gravidade.

A síndrome de apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por episódios de obstrução das vias respiratórias, que provoca interrupções da respiração totais (apneias) ou parciais (hipopneias) durante o sono e leva à diminuição do oxigénio e aumento do dióxido de carbono no organismo. Isto leva a despertares frequentes durante a noite ficando o sono alterado e fragmentado.

Há um bloqueio da normal respiração por fatores diversos que podem conduzir a:  relaxamento excessivo dos músculos da via área superior, redução do diâmetro da via aérea ou alterações no controlo neurológico da via aérea.

A síndrome de apneia obstrutiva do sono na criança prejudica a qualidade do sono e, por consequência, pode, entre outros, afetar a aprendizagem na escola e o desenvolvimento e comportamento da criança.

Em situações muito graves pode conduzir a atraso no crescimento da criança ou a complicações cardiovasculares.

Quais os sinais a que devo estar atento no ressonar do meu filho?

Deve estar especialmente atento se o ressonar da criança for acompanhado de:

  • durante o sono:
    • pausas respiratórias (apneias)
    • respiração ruidosa ou predominantemente pela boca
    • noção de esforço respiratório
    • sono agitado
    • transpiração excessiva
    • enurese (urinar na cama)
    • sonambulismo
    • pesadelos
    • dormir em posições estranhas e/ou queixas de insónia
  • durante o dia:
    • dificuldade em acordar
    • queixas de dor de cabeça
    • falta de apetite pela manhã
    • sonolência excessiva (dormir sestas em idades em que já não é habitual adormecer na escola)
    • alterações de comportamento como irritabilidade, hiperatividade ou agressividade
    • dificuldades de aprendizagem

É possível tratar o ressonar da criança?

Sim. Nos casos ligeiros pode não ser necessário tratamento específico e bastará a vigilância dos sintomas que tendem a desaparecer com o crescimento, sem sequelas. De qualquer forma é importante informar o médico de família ou pediatra quando o seu filho ressona, para haver uma avaliação correta.

O tratamento pode incluir:

  • medicação oral ou nasal para a asma ou rinite
  • lavagem nasal com soro fisiológico ou solução salina
  • dieta alimentar e/ou exercício físico em caso de obesidade
  • correção de deformidade dos dentes ou da boca
  • hábitos de sono (higiene do sono) saudáveis

A cirurgia para remoção das amígdalas (amigdalectomia) e das adenoides (adenoidectomia) é geralmente indicada nas crianças com idade entre os 2 e 5 anos com sintomas mais graves de obstrução grave das vias respiratórias, durante o sono, ou que tenham outras comorbilidades como otite média e/ou sinusite de repetição.

Em situações muito específicas pode estar recomendada a ventilação não invasiva, que ajuda as crianças a respirar à noite com ajuda de um ventilador, através de uma máscara.

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