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Serviço Nacional de Saúde 24
Vacinas
( Atualizado a 10/02/2025 )
11 minutos de leitura

O que é uma vacina?

Uma vacina é uma preparação de antigénios (partículas estranhas ao organismo), que é administrada a um indivíduo, provocando uma resposta imunitária protetora específica contra um ou mais agentes infeciosos.

Os antigénios das vacinas podem ser vírus ou bactérias, mortos ou atenuados. O antigénio escolhido para uma vacina deve ser “imunogénico”, ou seja, deve desencadear apenas uma reação imunitária e não provocar a doença.

As vacinas são consideradas medicamentos, mas de uma forma geral enquanto a vacina tem uma ação preventiva, os medicamentos atuam de forma curativa.

Como são produzidas as vacinas?

Os processos de produção das vacinas são diversos:

  • enfraquecimento do microrganismo através de culturas sucessivas (por exemplo a vacina contra o sarampo, rubéola e papeira)
  • extração das partes do microrganismo que desencadeiam a resposta imunitária (por exemplo a vacina contra a meningite C)
  • enfraquecimento da toxina que o microrganismo produz (por exemplo a vacina contra o tétano)

Em alguns casos podem ser incluídas numa mesma vacina mais do que um microrganismo (vacinas combinadas), como é o exemplo da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa.

As vacinas são seguras?

Todas as vacinas autorizadas no mercado europeu têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade, sendo ainda exigida uma certificação por lote antes da sua distribuição, após vários anos de experiência e milhões de vacinas administradas em todo o mundo.

Por isso, são raras ou muito raras as reações adversas graves comprovadamente associadas às vacinas, bem como as condições que constituem precauções ou contraindicações à vacinação.

Todas as crianças e todos os adultos devem cumprir os esquemas de vacinação recomendados para a sua idade e o seu estado de saúde.

Como são autorizadas as vacinas?

Para uma vacina ser utilizada, é necessário um extenso processo, com diferentes fases ao longo de vários anos:

  • fase inicial: investigação em laboratório e em animais
  • fase de ensaio em humanos: duram normalmente vários anos e são constituídas por três etapas, em que, de acordo com os princípios éticos rigorosos, segurança e eficácia, as vacinas candidatas vão sendo progressivamente aplicadas a um maior número de pessoas
  • fase após a introdução da vacina na comunidade: vigilância estreita da eficácia a longo prazo e do eventual aparecimento de reações adversas

Porque me devo vacinar?

Antes da introdução da vacinação de rotina das crianças, as doenças infeciosas eram a principal causa de morte na infância, provocando também bastante sofrimento e incapacidade permanente. As vacinas salvam vidas.

A vacinação deve ser entendida como um direito e um dever dos cidadãos, participando ativamente na decisão de se vacinarem, com a consciência de estarem a defender a sua saúde, a saúde pública e a praticar um ato de cidadania.

E se eu me recusar a ser vacinado?

As pessoas que recusem a vacinação, com todas ou alguma vacina incluída no Programa Nacional de Vacinação, deverão expressá-lo claramente, de preferência, por escrito, ficando a informação registada e arquivada na Unidade de Saúde.

Tenho direito à vacinação?

Sim. A vacinação é um direito básico de todos os cidadãos. Com a criação do Programa Nacional de Vacinação conseguiu-se atingir uma percentagem elevada de cidadãos vacinados contra as doenças alvo do programa, alcançando-se um controlo das doenças evitáveis pela vacinação, com uma enorme diminuição do número de mortos e de incapacidades.

As vacinas funcionam?

Sim. A vacina é a forma mais eficaz de prevenir doenças em todas as fases da vida. Elas defendem o organismo dos vírus e bactérias que provocam doenças, ou que podem mesmo levar à morte. Atualmente, devido ao sucesso dos programas de vacinação, a maioria das pessoas desconhece a gravidade das doenças evitáveis pela vacinação, não se apercebendo da importância e dos ganhos conferidos pelas vacinas.

Quando a pessoa é vacinada, o corpo deteta a substância e produz uma defesa, ou seja, é acionada uma resposta com formação de anticorpos. São esses anticorpos que permanecem no organismo e evitam que a doença ocorra no futuro ou se ocorrer diminuirá a sua intensidade. Ou seja, a vacinação faz com que o sistema imunitário responda rápida e eficazmente a um contacto posterior com a doença.

Para além disso, a vacinação é a medida de saúde mais custo-efetiva, ou seja, o seu custo compensa largamente os custos associados ao tratamento das doenças e das suas complicações (incluindo a morte).

O profissional de saúde tem a obrigação de esclarecer previamente, de forma clara, sobre as vacinas que vão ser administradas, explicando os benefícios da vacinação e potenciais reações adversas, bem como o risco da não vacinação, quando aplicável.

O que devo fazer se tiver uma reação aparentemente adversa?

As reações adversas possivelmente relacionadas com a vacinação devem ser notificadas ao Sistema Nacional de Farmacovigilância:

  • online no Portal RAM – Notificação de Reações Adversas ao Medicamento

Em caso de dificuldades na submissão de uma notificação através do Portal RAM, podem ser utilizados os seguintes contactos:

Qualquer reação surgida fora do âmbito das reações habituais, também deve ser comunicada ao médico assistente e ao enfermeiro da sua unidade de saúde.

Todas as pessoas têm direito à vacinação?

Sim. Todas as pessoas têm acesso à vacinação gratuita: o Programa Nacional de Vacinação permite que todas as pessoas recebam as vacinas de acordo com a sua idade e em unidades de saúde devidamente preparadas para o efeito.

E as vacinas que não estão incluídas no Programa Nacional de Vacinação?

Sobre as vacinas que não estão incluídas no Programa Nacional de Vacinação aconselhe-se com o seu médico e enfermeiro de família.

O que devo fazer se tiver uma vacina em atraso?

Se por qualquer motivo houver atraso numa vacina, dirija-se à sua unidade de saúde (Cuidados de Saúde Primários) para verificar se deverá fazer a vacina em falta, mesmo que já tenham sido ultrapassadas as idades ou datas recomendadas.

Deverá levar consigo sempre o Boletim Individual de Saúde (boletim de vacinas), para registar a vacina administrada, se aplicável.

É possível antecipar ou encurtar os intervalos da vacinação?

Sim. Por razões epidemiológicas, clínicas ou para não perder oportunidades de vacinação, pode ser necessário antecipar a idade recomendada para a primeira dose e/ou encurtar os intervalos entre doses do esquema vacinal recomendado.

Excecionalmente, para algumas vacinas e em situações de elevado risco como, por exemplo, viagens ou existência de surtos, os esquemas recomendados podem ser alterados, recorrendo-se a esquemas de recurso que podem não cumprir a idade recomendada para a primeira dose e/ou os intervalos recomendados entre doses.

Estas alterações requerem prescrição médica, incluindo a devida justificação.

Todas as crianças devem ser vacinadas?

Sim. Para se conseguir controlar uma doença é necessário que uma grande proporção de pessoas esteja vacinada, de modo a conseguirmos atingir a imunidade de grupo. A imunidade de grupo permite proteger não só as pessoas vacinadas, mas também aquelas que ainda não foram vacinadas como as crianças, bem como, aquelas pessoas que por motivos médicos não têm indicação para a vacinação.

Cada pessoa não vacinada fica mais vulnerável à doença e contribui para sua propagação na comunidade.

As vacinas causam dor ao meu filho quando são administradas?

O incómodo causado pela injeção é habitualmente um desconforto momentâneo, que pode ser minorado, conforme as instruções dadas pelos profissionais de saúde para o efeito.

E na idade adulta, quais as vacinas que devem ser tomadas?

Na idade adulta recomendam-se as vacinas contra o tétano e difteria, assim como a vacinação da grávida contra a tosse convulsa.

Além destas vacinas, recomenda-se que as pessoas que não tenham cumprido os esquemas vacinais recomendados, ou que possuam fatores de risco acrescido, devam efetuar os esquemas de recurso adaptados à sua situação. Na sua unidade de saúde (Cuidados de Saúde Primários) obterá o devido aconselhamento.

Por que razão há pessoas que têm mais receio das vacinas do que das doenças que elas evitam?

As pessoas podem ter mais receio das vacinas do que das doenças porque nunca viram os efeitos e as suas consequências e não viveram situações de algumas décadas atrás, onde milhares de crianças e adultos morriam ou ficavam incapacitados por doenças como a varíola (entretanto erradicada pela vacinação), a difteria, tosse convulsa, poliomielite e o sarampo.

Que intervalo é necessário respeitar entre a administração de diferentes vacinas?

O intervalo entre vacinas depende do tipo de vacina administrada, pelo que se recomenda o cumprimento dos intervalos definidos no Programa Nacional de Vacinação permitindo uma proteção contra o maior número de doenças, o mais precocemente possível.

Ao fim de quanto tempo após levar uma vacina é que se fica protegido?

O tempo até se atingir a proteção contra a doença varia de acordo com a vacina e com a resposta imunológica individual. Mesmo nas vacinas que necessitam de várias doses, após cada administração já poderá haver alguma proteção (incompleta), que surge geralmente 2 semanas, ou mais, após cada dose.

Para que serve a vacina contra a hepatite B?

A vacina VHB protege contra infeções causadas pelo vírus da hepatite B, que se transmite por:

  • via sexual (contacto com sémen)
  • contacto com o sangue ou fluidos da pessoa infetada (partilha de agulhas não esterilizadas ou contacto com sangue infetado)
  • de mãe para filho durante o parto ou no período perinatal (transmissão vertical)

Qual o risco de não fazer a vacina contra a hepatite B?

Na maioria das crianças, e em cerca de metade dos adultos, a infeção inicial não apresenta sintomas (assintomática). Quando infetados, as crianças e os jovens têm maior probabilidade de se tornarem portadores crónicos do vírus e de desenvolver doença hepática grave, incluindo cancro do fígado.

Para que serve a vacina contra infeções por Haemophilus influenzae b?

A vacina Hib protege contra infeções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae do serotipo b, que se encontra habitualmente na nasofaringe humana. Transmite-se de pessoa para pessoa através de gotículas de saliva, que se espalham no ar quando o doente espirra ou tosse.

Qual o risco de não fazer a vacina contra infeções por Haemophilus influenzae b?

A bactéria pode provocar doenças graves, como é o caso de:

  • pneumonia
  • bacteriemia
  • infeções na pele ou ossos
  • meningite
  • epiglotite

Uma criança que teve infeções por Haemophilus influenzae b fica protegida ou precisa de ser vacinada?

Uma criança que teve a doença com menos de 24 meses de idade e que recuperou, deve ser vacinada tão cedo quanto possível. Não é necessário vacinar as crianças que tenham tido esta doença com mais de 2 anos de idade, mas não há qualquer problema se a criança for vacinada.

Qual o risco de não fazer a vacina contra infeções por Neisseria meningitidis?

A vacina contra infeções por Neisseria meningitidis protege contra infeções causadas pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo). As infeções meningocócicas podem causar meningite (uma infeção do tecido que recobre o cérebro), pressão arterial perigosamente baixa (choque) e morte.

Essas bactérias são a causa principal de meningite bacteriana em crianças e a segunda causa principal de meningite bacteriana em adultos.

A vacina DTPa protege-me de que infeções?

A vacina DTPa protege contra as infeções causadas pelas bactérias, ou toxinas produzidas por estas, da difteria (Corynebacterium diphteriae), do tétano (Clostridium tetani), e da tosse convulsa (Bordetella pertussis).

Em Portugal, quais as vacinas disponíveis contra o Streptococcus pneumoniae?

Com a atualização dos esquemas vacinais recomendados de acordo com a Norma n.º 13/2024- Atualização da Estratégia de Vacinação Pneumocócica, estão disponíveis em Portugal dois tipos de vacinas contra a Streptococcus pneumoniae:

  • vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 20 serotipos (Pn20) – Prevenar 20®
  • vacina polissacárida contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 23 serotipos (Pn23) – Pneumovax 23®

Para quem está recomendada a vacinação contra infeções por Streptococcus pneumoniae?

Segundo a norma da Direção-Geral da Saúde a vacina contra infeções por Streptococcus pneumoniae é recomendada para:

  • pessoas em idade pediátrica (≤ 18 anos) e pessoas em idade adulta (≥ 18 anos) pertencentes a grupos de risco – gratuita
  • todos os adultos com idade igual ou superior a 65 anos (vacina Pneumovax 23® – Pn23 de 23 serotipos) – regime especial de comparticipação

Quais os grupos de risco para quem a vacina é gratuita?

A vacina Pn23 passa a ser gratuita para pessoas em idade pediátrica (< 18 anos) pertencentes aos seguintes grupos de risco:

Grupos de risco para vacina Pn23 para pessoas em idade pediátrica – Imunocompetentes
A – Imunocompetentes
Condição Situações abrangidas
Doença cardíaca crónica
  • Cardiopatias congénitas com repercussão hemodinâmica ou cianóticas
  • Insuficiência cardíaca crónica
  • Hipertensão arterial com repercussão cardíaca
  • Hipertensão arterial pulmonar
Doença hepática crónica
Insuficiência renal crónica
Doença respiratória crónica
  • Bronquiectasias
  • Doença intersticial pulmonar
  • Asma brônquica (sob corticoterapia sistémica(a))
  • Fibrose quística
  • Doenças neuromusculares
  • Insuficiência respiratória crónica
Pré-transplantação de órgão
Dador de medula óssea (antes da doação)
Fístulas de LCR
Implantes cocleares (candidatos e portadores
Diabetes mellitus

 

Grupos de risco para vacina Pn23 para pessoas em idade pediátrica – Imunocomprometidos
B – Imunocomprometidos
Condição Situações abrangidas
Asplenia, disfunção esplénica e défice do complemento
  • Asplenia congénita ou adquirida
  • Doença de células falciformes
  • Outras hemoglobinopatias com disfunção esplénica
Imunodeficiência primária(b)
Infeção por VIH
Recetor de transplante
  • Células estaminais medulares ou periféricas
  • Órgãos sólidos
Doença neoplásica ativa
  • Doenças linfoproliferativas

Outros tumores malignos

Imunossupressão iatrogénica(a)
  • Terapêutica com fármacos biológicos ou DMARDs (Disease Modifying AntiRheumatic Drugs)
  • Corticoterapia sistémica
  • Quimioterapia
  • Radioterapia
Síndrome de Down
Síndrome nefrótico

 

A vacina Pn23 é gratuita para pessoas em idade adulta (≥ 18 anos) pertencentes aos seguintes grupos de risco:

Grupos de risco para vacina Pn23 para pessoas em idade adulta 
A – Imunocompetentes
Insuficiência respiratória crónica

  • Insuficiência respiratória crónica em programa de OLD (Oxigenoterapia de Longa Duração)
  • Insuficiência respiratória crónica grave (Pa O2 <70mmHg) e FEV1 <50% e especial com comparticipação
B – Imunocomprometidos (ou risco acrescido de meningite bacteriana)
Fístulas de LCR
Implantes cocleares (candidatos e portadores)
Asplenia e défice do complemento

  • Asplenia anatómica ou funcional
  • Hipoesplenismo
  • Doença de células falciformes
  • Outras hemoglobinopatias com disfunção esplénica
  • Défice congénito do complemento
  • Terapêutica com inibidores do complemento
Imunodeficiências primárias (b
Infeção por VIH, com linfócitos T CD4+<500 céls/mm3)
Candidatos a transplante (na lista de espera ativa) e transplantados

  • Células estaminais medulares ou periféricas
  • Órgãos sólidos
Doença neoplásica ativa

  • Leucemias
  • Linfomas
  • Mieloma múltiplo
Síndrome nefrótica

 

Fonte: Direção-Geral de Saúde (DGS) – Unidade de Vacinas Imunização e Produtos Biológicos

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