O que é um transplante de medula óssea?
O transplante de medula óssea consiste na transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula óssea do dador, com o intuito de substituir as células doentes do recetor. Desta forma, desenvolvem-se novas células saudáveis no doente.
Estes transplantes estão indicados em doenças congénitas ou desenvolvidas depois do nascimento, como leucemias agudas ou crónicas, aplasias medulares e imunodeficiências. Apesar de genericamente se falar de transplantação de medula óssea, de facto o que se faz é uma infusão no doente de células progenitoras da medula do dador.
O que é a medula óssea?
A medula óssea é um tecido de consistência mole que preenche o interior dos ossos longos e as cavidades esponjosas dos ossos. É nesse tecido que existem células progenitoras, ou seja, com capacidade para se diferenciarem e dar origem a qualquer célula do sangue periférico, as chamadas células progenitoras/estaminais. Estas células renovam-se constantemente mantendo um número relativamente constante ao longo da vida.
Só se pode doar medula óssea uma vez?
Não. A medula é um tecido que se regenera rapidamente, pelo que é possível fazer mais do que uma dádiva.
Quem paga o processo de doação de medula óssea?
Todos os procedimentos médicos que envolvem a doação são suportados pelo subsistema de saúde do doente, bem como as viagens e outros custos não médicos. Os únicos custos que podem vir a ser imputados ao dador são os referentes ao tempo necessário do processo de doação.
Pode um dador desistir do processo após saber que é compatível com um doente?
Sim. Como voluntário, o dador não tem qualquer tipo de obrigação legal, podendo desistir a qualquer momento por diversas razões. Contudo, deve ter em conta que uma mudança de atitude no final do processo pode ser fatal para uma pessoa que está em preparação para o transplante.
Qual a probabilidade de encontrar um dador compatível?
Considerando todas estas abordagens, aproximadamente 80% de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível.
No entanto, nem todos os doentes para os quais foi identificado um dador idêntico chegam à fase do transplante.
O que é o sangue do cordão umbilical?
O sangue do cordão umbilical é o sangue existente nos vasos da placenta e no cordão umbilical, habitualmente rejeitado mas que pode ser colhido após o nascimento.
O sangue do cordão umbilical é rico em células que, por se apresentarem num estado muito imaturo, têm uma elevada capacidade de divisão, de autorrenovação (células progenitoras hematopoiéticas) e com o potencial para darem origem a todas as células constituintes do sangue.
O que são células progenitoras hematopoiéticas?
As células progenitoras hematopoiéticas são as células estaminais com potencial para dar origem a todos os tipos de células sanguíneas. Este tipo de células está presente na medula óssea, no sangue periférico e no sangue do cordão umbilical.
Para que serve o sangue do cordão umbilical?
A dádiva de sangue do cordão umbilical tem como principal objetivo a realização de um transplante de qualquer doente do mundo que dele precise e que seja compatível.
Este tipo de células é atualmente utilizado no tratamento de doentes com diferentes tipos de cancro, como leucemias, linfomas e outras doenças associadas ao sangue ou ao sistema imunitário.
Caso a colheita não seja usada para transplante, poderá ser utilizada para outras alternativas terapêuticas ou para investigação, sendo possível inutilizá-la se não cumprir os requisitos técnicos mínimos.
O sangue do cordão umbilical pode ser usado caso a doença se manifeste em idade adulta?
A quantidade de células que se consegue colher numa unidade de sangue do cordão é relativamente pequena. No caso das crianças mais velhas e com mais peso, as unidades armazenadas não possuem um número suficiente de células, tornando-se necessário recorrer a outros dadores compatíveis.
A busca por um dador compatível é possível através da pesquisa em bases de dados partilhadas pelos bancos internacionais (que armazenam unidades para utilização alogénica), de modo semelhante ao que acontece com as bases de potenciais dadores de medula óssea (CEDACE).
Quem pode doar sangue do cordão umbilical para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical?
Qualquer grávida sem antecedentes de comportamentos ou fatores de risco ou de doenças congénitas pode ser candidata a dadora de sangue de cordão umbilical. O processo de dádiva e colheita para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical (BPCCU) é realizado entre a 28.ª e a 35.ª semana de gravidez.
Onde posso doar sangue do cordão umbilical?
A colheita de sangue de cordão umbilical para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical é realizada nos hospitais ou maternidades autorizados e com os quais o Banco Público de Células do Cordão Umbilical celebrou protocolos de colaboração. A colheita é realizada desde que seja tecnicamente possível e não represente qualquer risco para o recém-nascido ou para a mãe.
Atualmente a dádiva de sangue do cordão umbilical para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical ocorre nas seguintes maternidades (unidades de colheita):
- Centro Hospitalar de São João – Porto
- Maternidade Júlio Dinis – Centro Hospitalar do Porto
- Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de Matosinhos
- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
A dádiva de sangue do cordão umbilical afeta os normais procedimentos do parto?
Não. A dádiva de sangue do cordão umbilical é completamente segura para a mãe e para o recém-nascido, não alterando quaisquer procedimentos associados ao parto.
A dádiva ocorre apenas após o nascimento e não requer a colheita de amostras de sangue ao bebé (será solicitada uma amostra de sangue materno após o parto).
Tenho de pagar para doar sangue do cordão umbilical?
Não. A doação para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical não se traduz em quaisquer encargos para a dadora, sendo assim, totalmente gratuita.
O Banco Público de Células do Cordão Umbilical é responsável pelos encargos associados à colheita, processamento, análise, criopreservação, e armazenamento das unidades doadas.
Ao doar sangue do cordão umbilical para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical, a unidade é sempre armazenada, ficando disponível para transplante?
Sim, se a unidade colhida preencher todos os requisitos de qualidade e segurança, nacionais e internacionais.
A unidade de sangue de cordão umbilical destinada a transplante deve conter um número de células suficiente para que o transplante resulte, assim como deve preservar a sua capacidade de enxerto.
Se a unidade não apresentar as características exigidas por estes padrões poderá vir a ser utilizada em investigação ou ser rejeitada.
Se a gravidez for de gémeos pode-se doar sangue do cordão para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical?
Não, uma vez que o volume de sangue obtido de cada placenta é inferior ao habitualmente colhido em nascimentos individuais e insuficiente para realizar transplantes aos doentes que requerem desta terapêutica.
É possível colher sangue em simultâneo para o banco público e para o privado?
Não é possível doar simultaneamente para o público e para o privado. Para além do volume de sangue colhido em cada parto ser limitado e não permitir obter uma unidade com células suficientes para utilizar em transplante de progenitores hematopoiéticos, o Banco Público de Células do Cordão Umbilical não aceita dádivas partilhadas com outros bancos.
Os critérios para doar aos bancos privados são diferentes dos critérios para doar ao Banco Público de Células do Cordão Umbilical.
Os profissionais de saúde podem doar sangue do cordão umbilical?
Nem todos os profissionais de saúde estão excluídos como dadores. No entanto, algumas funções desempenhadas por estes profissionais são consideradas de risco por terem contacto com doentes ou produtos biológicos potencialmente infetados com agentes não detetáveis pelos testes laboratoriais atualmente disponíveis.
Como é afetada a privacidade da mãe e a do bebé após a dádiva de sangue do cordão umbilical?
O Banco Público de Células do Cordão Umbilical mantém confidenciais todos os registos de dados associados.
A grávida é informada se a unidade foi preservada ou não?
O dador não é informado a quem os componentes sanguíneos foram transfundidos, ou a dádiva de órgãos, onde a família do dador não sabe quem foram os recetores dos órgãos.
Não obstante, a dadora será contactada caso sejam detetadas alterações nas análises realizadas à unidade e nas amostras doadas, ou no caso de virem a ser necessários testes adicionais.
Fonte: Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST)