É frequente o diagnóstico de cancro durante a gravidez?
A ocorrência de cancro na gravidez é pouco frequente e o seu diagnóstico pode ser dificultado pelas alterações no corpo da mulher grávida consideradas fisiológicas. Por exemplo, no caso de cancro de mama a deteção de nódulos pode ser dificultada pelo aumento de volume ou alteração da textura da mama que ocorre normalmente durante a gravidez. Outros exemplos são sintomas como a distensão abdominal, astenia ou cansaço, também frequentes na mulher grávida.
Quais são os tipos de cancro mais frequentes durante a gravidez?
Os tipos de cancro mais frequentemente diagnosticados na gravidez são:
- mama
- colo do útero
- melanoma
- tiroide
- linfomas
- leucemias
De que forma a doença oncológica pode influenciar a possibilidade de engravidar?
O facto de se ter uma doença oncológica não impede um homem ou uma mulher, em idade fértil e com vida sexual ativa, de gerar uma nova vida.
Recomenda-se que se aborde esta questão com a equipa de profissionais de saúde envolvidos, de forma a escolher o melhor plano de contraceção adequado a cada situação.
Que tipo de exames para estudar o cancro pode ser realizado durante a gravidez?
Para se fazer o diagnóstico e tratamento de uma doença oncológica são necessários realizar vários exames. Durante a gravidez o uso de muitos desses exames está limitado por causarem efeitos negativos no desenvolvimento do embrião ou do feto.
Os exames mais seguros para serem feitos durante a gravidez são a ecografia, que envolve ultrassons e não são prejudiciais, bem como a biopsia ou a ressonância magnética, consideradas seguras por não utilizarem radiação ionizante.
Quais os exames que não estão indicados fazer durante a gravidez?
Os exames contraindicados por utilizarem doses mais altas de radiação ionizante para o feto são a:
- tomografia computorizada, vulgarmente conhecida por TAC (principalmente abdominal e pélvica)
- PET (Tomografia por Emissão de Positrões)
- cintigrafia óssea
A radiografia simples de tórax ou a mamografia podem ser utilizadas, de preferência com proteção abdominal.
Como se realiza o tratamento de uma doente grávida com cancro?
Tratar o cancro durante a gravidez implica equilibrar o tratamento ótimo para a mãe e o possível risco para o feto.
O tipo de tratamento a ser escolhido dependerá de muitos fatores, incluindo:
- o tempo de gestação
- o tipo de cancro
- a localização
- o tamanho
- estadio do cancro
- os desejos da mãe e da família
Sabe-se, ainda, que alguns tratamentos são seguros durante a gravidez e que é possível, nalguns casos, dar à luz um bebé saudável.
Quais são os riscos associados?
Uma vez que no primeiro trimestre de gravidez, o risco de nocividade dos tratamentos antineoplásicos é maior, é habitual adiar o tratamento para depois das 12/15 semanas de gestação.
No segundo e terceiro trimestre de gravidez, muitas opções de quimioterapia podem ser utilizadas com segurança, uma vez que os dados estudados não revelaram a ocorrência de malformações nos bebés não expostos a quimioterapia durante a gravidez.
Já no que respeita ao tratamento cirúrgico, se necessário, pode ser efetuado durante a gravidez, uma vez que existe um risco menor para o feto. Outros tratamentos, como a radioterapia ou as terapêuticas alvo podem afetar o feto durante qualquer altura da gravidez pelo que não são, de uma forma geral, utilizados.
É possível e seguro engravidar depois de ter tido cancro?
Sim. Geralmente a gravidez após o diagnóstico e tratamento de cancro é seguro para a mãe e para o bebé, uma vez que a gravidez não é um fator de risco para a recaída (recidiva) ou desenvolvimento de outro cancro. Contudo, alguns tratamentos, como a radioterapia ou a cirurgia, podem influenciar a fertilidade e tornar mais difícil a conceção.
Considera-se cauteloso existir um tempo de vigilância até que diminua o risco de recidiva. Este período varia com o tipo e estadio do cancro, de como decorreu o tratamento e se outros órgãos do corpo foram danificados com os tratamentos.
Uma doente com cancro pode amamentar?
A amamentação é, geralmente, desaconselhada se a mulher estiver a fazer tratamento oncológico, por via endovenosa ou oral. Estes medicamentos são passados ao bebé pelo leito materno e provocam diretamente efeitos negativos para o seu desenvolvimento.