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Serviço Nacional de Saúde 24
Doenças do rim e da bexiga

O que é a doença renal?

Doenças renais são doenças que alteram a estrutura ou a função dos rins. O diagnóstico depende de análises do sangue e/ou da urina.

A doença renal, se for diagnosticada e mantida por um período superior a 3 meses, deve ser entendida como uma doença crónica, com a qual se vai lidar a vida toda, mesmo que seja possível a realização de um transplante, sendo que tem todo um ciclo que varia de doente para doente.

Este ciclo começa com o desenvolvimento e progressão da doença renal até ao estádio 5, que é o mais grave, em que é necessário pensar nas técnicas que poderão substituir a função do rim ou mesmo na necessidade de um transplante.

Quais são as funções do rim?

Os rins são órgãos com o tamanho aproximado de um punho e funcionam como filtros. Ou seja, o sangue que circula pelo corpo também passa pelos rins através da artéria renal, sendo filtrado e limpo, voltando à circulação pelas veias renais. O produto resultante desta filtração é a urina.

Assim, as principais funções dos rins são:

  • eliminam as substâncias tóxicas
  • removem o excesso de líquido
  • equilibram o teor de iões e minerais
  • controlam a pressão arterial
  • ajudam a produzir glóbulos vermelhos
  • auxiliam na manutenção dos ossos saudáveis

Quais são as principais causas da doença renal?

A doença renal pode ter uma ou várias causas em simultâneo. As mais comuns são a diabetes e a hipertensão arterial, frequentemente associadas a obesidade. Outras causas são:

  • doenças:
    • que causam inflamação e lesão dos rins (glomerulonefrites)
    • hereditárias
    • autoimunes
  • obstrução duradoura das vias urinárias
  • tumor
  • pedras (litíase renal)
  • infeções urinárias ou malformações renais/urinárias antes do nascimento
  • toxicidade de medicamentos

De entre estas causas, muitas podem ser evitáveis, pelo que é importante ter um estilo de vida saudável.

Quais as complicações mais frequentes da doença?

Tendo em conta as principais funções dos rins, a sua falência associa-se a várias complicações, desde o não controlo da tensão arterial, à anemia e a alterações no metabolismo dos ossos.

Ou seja:

  • hipertensão arterial não controlada pode ter consequências:
    • a nível cerebral, por exemplo com um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico
    • a nível ocular, com perda de visão
    • nível cardíaco, que pode levar a arritmias
  • anemia, caracteriza-se pela diminuição do número de glóbulos vermelhos. Sendo a sua função transportar oxigénio a todas as células, existindo um déficit de oxigénio, as células não conseguem funcionar adequadamente
  • desregulação do metabolismo dos ossos: torna os nossos ossos mais frágeis e com maior risco de fraturas. Por outro lado, pode haver uma acumulação errada de cálcio ao nível dos nossos vasos sanguíneos tornando-os mais rígidos e obstruídos, podendo haver um comprometimento da chegada de sangue aos diversos órgãos
  • desequilíbrio do pH do sangue e a acumulação de potássio, pode, em situações extremas, levar a arritmias cardíacas que podem ser fatais.

Quais são os fatores de risco da doença renal?

Podemos dividir os fatores de risco em modificáveis e os não modificáveis, e que se distinguem pelo que podemos mudar com as nossas atitudes e adaptação do estilo de vida, e pelos que são inerentes ao indivíduo e, por isso, não os podemos alterar.

Modificáveis:

Não modificáveis

  • idade
  • história familiar de doença renal

Existe alguma forma de substituir a função dos rins?

Sim. As técnicas que substituem a função dos rins são a diálise peritoneal ou a hemodiálise. Ambas são técnicas eficazes, mas deve-se optar por uma ou outra conforme as caraterísticas da vida do doente e da sua história clínica. Até porque uma técnica, que era adequada num determinado momento da vida do doente, pode deixar de ser mais tarde.

Na ausência de critérios para optar pelas outras técnicas, e tendo condições clínicas apropriadas, existe ainda a possibilidade do transplante. O transplante do rim pode ser de dador vivo ou de dador cadáver. Atualmente o tempo médio de espera para um transplante de dador cadáver é de cerca de 5 anos, enquanto para um transplante de dador vivo, são apenas 10 meses.

Tenho doença renal, quais os cuidados que preciso ter?

Após o diagnóstico de doença renal, é importante assumir o controlo da sua vida, nomeadamente das suas rotinas diárias, tendo em conta os seguintes aspetos:

  • nutrição: a doença renal requer uma dieta individualizada que obriga a uma gestão minuciosa e atenta, pelo que se recomenda ser seguido por uma nutricionista para lhe ser elaborado um plano alimentar que permita, não só restringir os alimentos que possam vir a ser prejudiciais, como também evitar uma perda de peso e massa muscular excessiva
  • vida laboral: nos doentes estáveis, a vida laboral pode ser mantida sem grande impedimento. As técnicas de substituição da função renal, idealmente, devem adaptar-se à vida do doente e não ao contrário, pelo que as opções devem ser discutidas com o médico para que seja escolhida a que melhor se adequa à vida laboral e aos outros planos da vida do doente
  • vida social: Ter doença renal não anula o papel enquanto mulher, marido, pai/mãe ou amigo. É muito importante fazer um esforço para continuar a desempenhar esses papéis
  • desportos e atividades: o doente deve manter os seus hobbies e a sua rotina diária. É também importante que mantenha a atividade física ou desporto, já que o exercício físico contribui, de forma significativa, para manter uma vida normal e com mais saúde. É aconselhável que fale com o seu médico antes de iniciar qualquer desporto
  • sexualidade e reprodução: a doença renal crónica avançada está associada a uma diminuição da fertilidade e a alterações hormonais e emocionais que podem afetar a vivência da sexualidade

Estes problemas podem e devem ser contornados com a ajuda de uma equipa especializada, abordando o assunto com o seu médico para que possam juntos encontrar uma solução. A gravidez pode acelerar a evolução da doença renal, pelo que é sempre considerada de alto risco, e implica o seguimento em consulta hospitalar especializada. Para além disso, a gravidez é desaconselhada em fases avançadas da doença renal e durante a diálise, pois pode acarretar riscos tanto para a mãe como para o bebé

Quais os factos sobre a doença renal que devo reter?

Um diagnóstico de doença renal nem sempre é bem aceite, mas deve entender que é uma nova fase na sua vida que depende da adaptação a uma nova rotina diária. Retenha os seguintes factos:

  • o diagnóstico de doença renal é feito através de análises ao sangue e urina
  • calcula-se que 1 em cada 10 adultos tem doença renal
  • 5% dos adultos sabe que tem a doença
  • nem todos os renais irão fazer diálise
  • em muitos casos podemos atrasar evitar a necessidade de diálise com adoção de estilos de vida saudáveis e adesão aos tratamentos
  • podemos ter apenas um rim a funcionar e ser saudáveis
  • o uso de medicamentos sem prescrição médica, nomeadamente os anti-inflamatórios, pode levar a desenvolver ou agravar a doença renal
  • há doenças renais que são hereditárias ou autoimunes, sendo mais difíceis de prevenir

Fonte: Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN)

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